Cinco homens assaltaram uma loja maçônica em Itariri, no Vale do Ribeira, na sexta-feira (29) à noite. A quadrilha portava pelo menos uma arma de fogo, mas também utilizou utensílios do próprio local, entre os quais uma espada, para render as vítimas.
Os criminosos não tiveram as suas características observadas porque estavam com os rostos encobertos. Alguns utilizavam camisas para ocultar a face. Outros usavam máscaras idênticas às dos ladrões que roubaram a Casa da Moeda da Espanha, na série La Casa de Papel.
Por enquanto, não há pistas dos assaltantes. A única certeza é a de que eles planejaram o roubo e contaram com informações privilegiadas, conforme disse um dos 12 maçons que estavam na loja, situada na Rua João Pereira de Alencar, 73, altura do Km 369,4 da Rodovia Padre Manuel da Nóbrega, na Chácara Santa Clara.
Sob a garantia de ter o nome mantido em sigilo, esse maçom é um empresário de 67 anos. Ele informou que a quadrilha chegou ao templo da Loja Maçônica Fraternidade de Itariri, às 18h40. Nesse horário estavam no local duas mulheres e um adolescente, filho de uma delas, que preparariam o jantar a ser servido após a reunião.
“Inicialmente, os ladrões renderam as cozinheiras e o filho de uma delas. Depois, foram dominando os irmãos (denominação dos integrantes de uma loja maçônica) à medida em que iam chegando”, contou o maçom entrevistado por A Tribuna.
Ao todo, 12 maçons foram dominados. Agindo de modo truculento, os marginais sabiam os nomes de alguns deles, entre os quais, o do tesoureiro da loja, que portava elevada quantia em dinheiro em razão do seu cargo. As vítimas foram amarradas e obrigadas a se deitar com o rosto voltado para o chão.
As reuniões da Fraternidade de Itariri ocorrem às terças-feiras. Porém, nesta semana, excepcionalmente, a sessão foi transferida para sexta-feira, porque marcaria o término das atividades do semestre.
Esse fato também chamou a atenção das vítimas, não deixando dúvidas de que os ladrões tiveram acesso a dados restritos. Por isso, a Polícia Civil tenta identificar eventuais mentores do roubo, além dos seus executores.
Um provável sexto assaltante também é investigado, porque um desconhecido em uma motocicleta foi visto rondando o perímetro da loja maçônica durante o assalto. A placa e outras características do veículo não foram observadas.
Alguns dos criminosos estavam disfarçados com máscaras de Salvador Dali, as mesmas da série La Casa de Papel (Foto: Reprodução)
Violência
Um dos maçons tem 82 anos de idade. Assustado com a ação criminosa, ele começou a suplicar para que os assaltantes não fizessem mal às vítimas. Irritados, os marginais chutaram o idoso e deram tapas em sua boca.
“Foi uma covardia. Estávamos todos impotentes. Eu nem consegui dormir”, relatou o empresário. Ele teve a calça rasgada no momento em que um criminoso arrancou a carteira do seu bolso.
Os ladrões permaneceram na loja maçônica até por volta das 21 horas. Além da espada que acharam no local, eles pegaram facas na cozinha para intimidar as vítimas. O bando fugiu levando celulares, cartões bancários, joias, chaves de carros, R$ 7.200,00 e diversos documentos da Fraternidade de Itariri.
O empresário também teve roubados os seus óculos de grau e uma câmera fotográfica profissional da marca Canon. Por meio do sistema de rastreamento, o seu celular foi localizado abandonado em um terreno baldio no município vizinho de Peruíbe.
Perto do aparelho foi achada a espada levada do templo da loja maçônica. Ela tem a lâmina ondulada e estava fincada no solo. O caso foi registrado na Delegacia de Peruíbe, porque a de Itariri não funciona no período noturno e nos finais de semana e feriado.
Uma das espadas da loja foram utilizadas pelos bandidos para render às vítimas (Foto: Reprodução)