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segunda-feira, 2 de maio de 2016

BILLY GRANHAM E SEUS GOLPES RELIGIOSOS

VEJA O GOLPE APLICADO PELOS RELIGIOSOS NEOS PROTESTANTES VULGOS EVANGELICOS  DE HOJE JA ERAM  APLICADO POR BILLY GRANHAM DESDE 1966

Billy Graham, em 1966, o método empresarial de Silas Malafaia, hoje, e a melhor caricatura de todos eles: Steve Martin, como Reverendo Jonas Nightengale, em “Leap of Faith” (“Fé demais não cheira bem”, 1992)
Hoje, o frágil pastor e missionário Billy Graham, com 92 anos e abatido por meia dúzia de doenças, nem de longe lembra o homem que visitou a França, em 1954, nas suas históricas cruzadas de evangelização, promovidas mundo afora. Ágil, ativo, incisivo, Graham promoveu um culto de evangelização no Vel’ d’Hiv, o Vélodrome d’Hiver, onde, sintomaticamente, na década anterior, viu-se um dos episódios antissemitas mais perturbadores que o povo francês já tinha presenciado em seu território, com a prisão de centenas de judeus para envio a Auschwitz, durante a 2ª Guerra Mundial.
O culto no Vel’ d’Hiv tinha um claro interesse: tirar o povo francês de seu suposto ateísmo e racionalidade. Para Graham, tratava-se de um choque entre o novo e o velho mundo, entre a salvação e a perdição das almas. “Vimos Deus fazer grandes coisas na América; um despertar de Paris teria uma influência imensa sobre o mundo inteiro”, disse Graham, na ocasião. Junto dos milhares de espectadores, ansiosos por conhecer o já mundialmente afamado pastor americano, eis que estava Roland Barthes, um dos mais notáveis intelectuais franceses do século 20, herdeiro do estruturalismo e pai da semiologia europeia moderna. Sabe-se disso por meio de um despretensioso texto, reunido em “Mitologias”, livro que abriu as portas da sisuda universidade francesa para o banal do cotidiano. Nesse livro, Barthes analisa os típicos fenômenos burgueses da sociedade industrial no pós-Guerra. O cinema, a literatura, a fotografia, o horóscopo, o jornalismo feminino, as revistas de receitas, a infância e os brinquedos: nada escapou ao olhar astuto de Barthes. Nem Billy Graham.
“Se Deus fala realmente pela boca do Dr. Graham, temos de reconhecer que Deus é surpreendentemente tolo: a Mensagem espanta pela sua chateza, pelo seu infantilismo. Em todo o caso, certamente, Deus abandonou o tomismo, e demonstra nítida aversão pela lógica: a Mensagem é constituída por uma infinidade de afirmações descontínuas lançadas ininterruptamente, sem nenhuma espécie de relação entre elas, e cujo conteúdo é apenas tautológico (Deus é Deus)”. [BARTHES, R. “Billy Graham no Vel’ d’Hiv” in: Mitologias]
Não se deve desprezar Billy Graham. Ele é o avô do protestantismo contemporâneo. O método, o discurso, as relações políticas na democracia, os escândalos – apenas um a se lembrar, talvez o mais importante, seja o episódio do grampo no caso Nixon, quando ele afirmou ao então presidente que deveria se preocupar com o “controle dos judeus sobre a mídia norte-americana”. Esse episódio veio à tona apenas agora, 30 anos depois, e forçou Graham a se retratar com a comunidade judaica, em 2002. Sem Billy Graham não haveria Malafaia. Nem R.R. Soares. Nem Macedo. Nem Hernandes. Todos estes são subprodutos de um modus operandi criado pelo velho pastor. O missionário R.R. Soares, fundador e pilar da Igreja Internacional da Graça de Deus, aliás, já declarou que Graham “é de um servo do Senhor que procura fazer a obra de Deus da maneira mais intensa que pode” e que “seria ótimo se todos nós seguíssemos seu exemplo, principalmente no que se refere à paixão pelas almas perdidas”.Malafaia, em seu programa de TV, afirmou que o legado de Billy Graham representa, hoje, o “maior projeto evangelístico do mundo”. Recente evento do Ministério Billy Graham foi transmitido pela TV Bandeirantes pelas mãos e influência de Silas Malafaia.
A principal herança de Billy Graham para os evangélicos contemporâneos é a tão propalada “espetacularização” dos cultos. Deixaram de obedecer à liturgia histórica e se assemelham, cada vez mais, a um show onde se espera a aparição de um pop-star: Deus. Não vindo o Chefe, vêm seus emissários e contenta-se com eles. O uso dos meios de comunicação e eventos de massa – estima-se que a audiência dos projetos de Graham tenha alcançado bilhões de telespectadores e suas cruzadas chegaram, segundo dados oficiais, a mais de duas centenas de cidades ao redor do mundo, nos mais diversos países – são um registro do método de evangelização criado por ele, além da notável frase “dê um passo a frente para aceitar Jesus Cristo como seu salvador”, verdadeira fast-salvation, mágica e mística, embalada por música, geralmente em tons maiores, mais eficientes a embalar o êxtase e a sensibilização emocional.
Setenta anos depois das primeiras cruzadas evangelísticas e dos megacultos, o estilo Graham só fez aumentar, seja nos Estados Unidos ou nos países cuja referência evangélica tem suas raízes ali, como o Brasil. Setenta anos depois, qualquer culto nas grandes igrejas contemporâneas, qualquer evento por elas promovido, qualquer planilha orçamentária, faz corar de inveja até mesmo Rowan Williams, o arcebispo de Canterbury, tão insignificante torna o poder econômico da rica Igreja Anglicana. A coroa, o cetro e o Orbi et Urbi da Rainha Elizabeth II são ridículos aneis de doce frente ao poder econômico das novas igrejas evangélica
É preciso ser justo. Malafaia, Soares, Macedo e Hernandes são notáveis inventores de uma nova categoria empresarial. Vê-los assim, como empresários, poupa-nos de sacrifícios desnecessários porque é nisso que se transformaram as manifestações da fé: negócios. Em nada diferem seus discursos públicos daqueles dos CEOs das grandes empresas. A religião é apenas um argumento. A lógica empresarial toma conta dos cultos: como Pratos Feitos para a fome do espírito, cada dia revela ao crente sua utilidade: a segunda-feira é o dia das finanças e dos negócios, a terça, da família; a quarta, dos solteiros; a quinta, da
promessa e a sexta-feira, como numa arraigada relação com o misticismo dos terreiros, é o dia da libertação dos encostos, dos demônios. Não há erro no Prêt-à-croieint
É preciso ser justo. Malafaia,
Soares, Macedo e Hernandes
são notáveis inventores de uma
nova categoria empresarial.
Não há enganados nessa relação comercial, ao contrário do que somos levados – por uma ética da piedade – a acreditar. Tanto quanto não existe engano num livro de auto-ajuda ou no “branco mais branco” do sabão em pó. O fiel compra aquilo que deseja e, a bem da verdade, ele não faz muita questão do recebimento, até porque sua existência se alimenta da angústia e é bom que ela não passe. No máximo, que seja substituída por outra. A religião não é o ópio do povo. É seu Prozac.

Como empresários, os neo-pastores, hedeiros da tradição evangelística de Billy Graham, são a evidência mais gritante do seu poder de autodestruição, porque chegará um momento em que seus negócios se tornarão economicamente inviáveis. Há 100 anos, um culto precisava apenas de um mais ou menos competente organista, um hinário e o salário mensal de um abnegado pastor, que pudesse alimentar sua família, pagar os estudos de seus filhos e dar-lhe um terno novo quando o puído paletó não tivesse mais condições de frequentar o serviço religioso de domingo. Hoje, sem as emissoras de TV, sem os grandes eventos produzidos para milhares de fiéis, sem as grandes estruturas de recursos humanos, sem o suporte de profissionais de propaganda, marketing e divulgação digital, sem a comunicação massiva, o espetáculo se reduz a algo a que ninguém está disposto a pagar. Isso custa caro. E quem paga a conta parece não se incomodar.

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