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1.
Qualquer um que dedicar sua vida a procurar a Verdade, não é digno de encontrá-la se não estiver disposto a morrer por ela.
SINOPSE
Henrique foi instruído nos mistérios da Maçonaria desde criança e tornou-se um bom Mestre Maçom. Entretanto, por ocasião dos atentados ao World Trade Center, no dia 11 de setembro de 2001, Henrique descobriu coisas tão perturbadoras que fizeram ele se afastar da Maçonaria e isolar-se do mundo, até que sua amiga Eva Cristina foi procurá-lo para ajudá-la a decifrar um código que o pai dela havia deixado numa carta antes de falecer em suas explorações arqueológicas. A partir daí, Henrique se vê obrigado a usar de seus conhecimentos secretos da Maçonaria para ajudar Eva a encontrar e devolver a quem de direito um objeto do qual depende o futuro da humanidade: o pomo de ouro.
Com uma narrativa dinâmica e envolvente para uma trama repleta de mistério, aventura e reviravoltas, o leitor é apresentado a uma série de contradições envolvendo os atentados de 11 de setembro, se torna conhecedor das mentiras da Igreja Católica e dos mais finos mistérios da Maçonaria, além da interpretação contundente de um conjunto de profecias que parecem estarem se concretizando a todo o momento em nosso tempo. É a leitura mais intrigante, misteriosa e polêmica dos últimos tempos. Um livro único e imperdível!
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MEIO-DIA
O Sol iniciava os seus trabalhos nas areias do deserto do que já foi a esplendorosa Babilônia, um lugar que as areias do deserto enterraram para o bem daqueles que ainda singram pelos caminhos existentes neste mundo.
Apolônio terminava de encaixar uma pedra na parede e guardava seu precioso achado em sua bolsa no momento em que um trabalhador entrou às pressas no templo sagrado de Ishtar, gritando com grande desespero e fazendo com que o explorador se apressasse em subir ao acampamento.
Ao sair das escavações do templo, Apolônio viu que todos os homens haviam parado de trabalhar e que estavam ajoelhados, com as cabeças reclinadas até o chão.
- Malki-Tzedek! Malki-Tzedek! Alguém se apressava a explicar o que acontecia e então Apolônio olhou ao redor e percebeu que o vento tinha parado de soprar.
Todos sabiam quem era Malki-Tzedek, e o arqueólogo ia mandar que seus homens voltassem ao trabalho, mas logo avistou um grande número de soldados montados em camelos se aproximando e por onde andavam não deixavam rastro nem se levantava a poeira.
Um dos soldados adiantou-se ao grupo para que todos parassem, e tocou seu shofar emitindo um som tão agudo que quase ensurdecia aos que ouviam, enquanto Apolônio olhava seus homens ainda de joelhos a fazerem orações, mas ele continuava ali, de pé, como se estivesse hipnotizado pelo que via.
Os soldados dividiram-se em duas fileiras e pelo centro deles vislumbrava-se a figura de um homem de grande estatura, tão alto que parecia um gigante, e que vinha montado num enorme camelo. Ele trajava finas vestes em branco e dourado, e o seu rosto era encoberto por um véu feito de correntes de ouro que ofuscavam a quem o via ao refletirem a luz do Sol.
O gigante seguia em direção a Apolônio desembaiando sua espada, e nisto o arqueólogo teve ímpeto de proteger seu achado segurando-o com maior firmeza, mas não teve tempo de fazer mais do que isto. Parando diante dele como que procurando olhar-lhe profundamente nos olhos, aquele gigante desferiu um ferino golpe de espada em Apolônio que foi ao chão de joelhos e tardiamente entendeu que devia entregar o que ele havia encontrado, estendendo seus braços para que o gigante tomasse o objeto para si e o levasse consigo. E assim foi feito.
E quando o gigante e todos os seus soldados partiram, o vento voltou a soprar de modo tão forte que enorme tempestade de areia assolou o acampamento onde eram feitas as escavações. Muitos homens correram desesperados para suas casas, outros continuavam a fazer orações e a agradecer aos céus por terem sobrevivido à passagem do Senhor do Mundo, enquanto Arthur, fiel amigo de Apolônio o encontrava ferido e ia ao seu socorro.
- Ajudem aqui! Ajudem aqui! Ele está ferido!
Alguns homens se aproximaram com uma maca e levaram Apolônio para a tenda. Ele não parava de sangrar e não iria sobreviver, mas antes pediu caneta e papel onde rascunhou alguns poucos dizeres em código e pediu a Arthur que, por favor, entregasse aquele bilhete à sua filha, Eva Cristina, no Brasil. Arthur consentiu com a cabeça que sim, o faria, ao que o velho arqueólogo apertou-lhe a mão e num sorriso sofrível, mas feliz, falou-lhe com um brilho lacrimejante nos olhos: Eu o vi... Eu o vi...
by Augusto Branco at 3:27 pm
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2.
NÃO TE PREVENIRAM A RESPEITO DO QUE FAZEM OS MAÇONS?
Henrique contava seus nove anos de idade quando investia mais uma vez para tentar invadir o Templo Maçônico da pequena cidade onde ele morava, no coração da Amazônia. Ele sabia que havia apenas um vigilante ali, o qual passava a maior parte do tempo dormindo, e sabia que a melhor forma de invadir o Templo seria entrando pela parte de trás, onde ficava um bosque que terminava justamente no muro da Maçonaria, e que tinha quase três metros de altura. Para ultrapassar o muro ele não poderia levar uma escada tão grande, por isto usaria uma corda amarrada a um gancho que ele pegou junto dos instrumentos de pesca de seu pai.
Da Maçonaria se dizia pouco na pequena cidade em que ele vivia, e o pouco que se dizia era bastante sinistro e intrigante. Esta era a terceira vez que ele tentava invadir o Templo, mas agora, finalmente, Henrique conseguia ultrapassar o muro da Maçonaria e, com sorte, encontrou uma janela semi-aberta da qual se aproximou para olhar.
O movimento de alguém lá dentro assustou o menino e fez com que ele corresse o mais rápido possível e se apressasse a escalar o muro para fugir imediatamente dali, mas aqueles símbolos vistos lá dentro, no escuro, reluziam na mente de Henrique como estrelas. Entendê-los e descobrir o que se passava na Maçonaria lhe motivou a muitas outras investidas naquele Templo, especialmente à noite, quando saía de sua casa às escondidas e ia observar o movimento dos maçons durante suas sessões à meia-noite.
Mas em certa tarde, quando ele pulava o muro do Templo para o bosque, deparou-se com um senhor que o deteve por ali.
- O que desejais, perguntou ele, enquanto Henrique engolia seco e começava a suar frio. Acaso quereis um lugar entre nós?
Apesar da pergunta receptiva, o tom não parecia muito amigável. Henrique tentou dissimular dizendo que ele tinha ido atrás de uma pipa que tinha caído lá dentro.
- E não pegou a pipa?
- Eu não à encontrei, senhor.
- Você mente, menino.
Henrique estava bastante assustado com aquele senhor. Ele era muito alto, de expressão impassível, e tinha cabelos brancos como a neve. A cidade era pequena, praticamente todos se conheciam, e ele nunca o tinha visto.
- Ninguém te preveniu a respeito do que fazem os Maçons? Questionou aquele senhor, ao que Henrique teve um ímpeto enorme de correr. Fique tranqüilo, rapaz. Não vou dizer pra ninguém o que você estava fazendo.
- Mas eu não estava fazendo nada.
- Ah, estava sim. (...) Venha cá, disse ele convidando o garoto a olhar o esquadro e o compasso gravado no anel que ele usava. Sabe o que significa isso?
- Não...
- Gostaria de saber? E o menino balançou a cabeça afirmativamente. Era isso que você estava buscando lá dentro, certo? Henrique quis pedir licença pra voltar para sua casa, mas ele continuou. Triste é viver sob o domínio da ignorância, meu jovem, mas... Se quiser saber sobre estas e outras coisas, eu estarei aí na praça em frente ao bosque, amanhã à tarde.
O menino não perguntou o nome daquele senhor, nem ele o disse naquele primeiro encontro, pois Henrique apressava-se em voltar para sua casa, temeroso que estava. Já em casa, ele passou o resto do dia pensando se deveria ir até a praça no dia seguinte, pois a simples lembrança do olhar daquele senhor lhe gelava a espinha, mas a curiosidade acabou vencendo o medo.
Ao chegar na praça, após muito procurar, não encontrou aquele homem. Esperou um pouco e já se preparava para partir quando ouviu uma voz atrás de si.
- Percebo que você é bastante curioso, meu jovem, mas... Se for apenas curiosidade o que te traz até aqui, é melhor que te retires.
Henrique mal prestou atenção naquelas palavras. Ele estava mais interessado em saber de onde aquele senhor tinha surgido, mas nada o perguntou. Acabou cogitando e aceitando a idéia de que ele estivesse atrás ou em cima de alguma árvore da praça.
- Não tem medo, menino? Henrique balançava a cabeça de modo negativo e o senhor prosseguia dizendo que era bom mesmo que ele não tivesse medo, porque se ele tivesse medo seria melhor que não fosse adiante.
O fato é que por mais que aquele senhor fizesse perguntas estranhas e se comportasse de um modo misterioso, Henrique simplesmente não conseguia sair de perto dele, embora suspeitasse haver algo de muito maligno presente ali.
- Você é o Diabo? Foi o que Henrique lhe perguntou.
- O Diabo? Por que pensa que eu sou o Diabo?
- Bem... Se o senhor não é o Diabo, então acho que não tenho motivos para ter medo de ti.
- Ah, mas... E se eu for o Diabo?
- Daí o senhor pareceria até muito simpático, mas por via das dúvidas eu iria acabar chamando por quem pode mais do que tu.
- Você é esperto, garoto. Esperto, curioso, destemido e... Pelo visto, acredita em Deus... Acha mesmo que Ele existe? (...)
Assim iniciava o que viria a ser um aprendizado de quase três anos do pequeno Henrique com aquele senhor, sempre no mesmo lugar, na praça em frente ao bosque que ficava atrás do Templo Maçônico e antes de simplesmente desaparecer da vida de Henrique, aquele senhor deixou gravado em sua mente a afirmação de que se ele se aprofundasse nos conhecimentos herméticos, ele entenderia como se governa o mundo e a vida no universo, e conheceria a Suprema Verdade da Vida, e lhe recomendou para que ao atingir a maioridade ele procurasse o Dr. Saulo de Tarso, no endereço que ele lhe entregava junto com um presente para que o garoto continuasse seus estudos de ocultismo: a Bíblia Sagrada.
by Augusto Branco at 2:47 pm
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3.
A CHAVE DAS PORTAS DO CÉU E DO INFERNO
O primeiro grande enigma com o qual ele se deparou em matéria de simbologia da Bíblia Sagrada, foi quando leu os Evangelhos Cristãos e lhe chamou a atenção uma passagem do Evangelho de Mateus que menciona os chamados Magos do Oriente e a Estrela de Belém.
Ele sabia que era possível navegar orientando-se pelas estrelas, e que as estrelas eram referência para muitos exploradores que viajavam ao redor do mundo. Sabia também que havia aqueles que diziam adivinhar o futuro com base no movimento das estrelas, e isto aproximava bastante do senso comum o fato dos Magos terem “previsto” o nascimento de Jesus Cristo e de se dirigirem até o local de seu nascimento sendo guiados por uma estrela.
Entretanto, uma leitura mais atenta desta passagem do Evangelho, faz perceber que a Estrela de Belém era diferente das demais estrelas que estão no céu. E não era por seu brilho ou tamanho que ela diferenciava-se.
O que tornava a Estrela de Belém especial era que ela movimentava-se, apagava-se, e acendia-se novamente. Afinal, que tipo de estrela seria essa?
Os Evangelhos, quanto mais esmiuçados, mais questionamentos suscitam, e foi conversando despropositadamente sobre estas e outras coisas com seu amigo Marcos, em uma lanchonete perto de sua casa, que uma das pessoas que estava sentada ao lado deles no balcão se interessou e entrou na conversa explanando muitas coisas acerca do cristianismo e da Igreja Católica, em especial.
- Percebo que os rapazes se interessam por teologia e por ocultismo, começou aquele homem sem se apresentar nem pedir licença. Então eu gostaria de perguntar: acaso já observaram o monumento que está no centro da Praça de São Pedro, no Vaticano? Henrique e Marcos confessaram que ainda não tinham dado atenção a tal monumento e quiseram saber do que se tratava. É um obelisco egípcio. Uma ‘Agulha de Cleópatra’, arrematou aquele homem.
Os rapazes ficaram estupefatos com o que ouviam. Um monumento egípcio no centro da principal praça do Vaticano? Um monumento pagão? E como manifestavam bastante interesse na informação, o homem ofereceu-se para pagar-lhes mais um café e os convidou a sentarem-se à mesa logo atrás, para continuarem a conversa.
- Sim, é matéria no mínimo intrigante que a Igreja Católica tenha um monumento pagão bem no centro de sua praça principal, não? A grande verdade é que a Igreja Católica adotou uma série de práticas pagãs para conquistar público cativo em Roma, daí compreender-se que boa parte dos prédios do Vaticano são prédios que foram utilizados em adoração a deuses pagãos, tal como a Basílica da Virgem Maria, outrora dedicada aos cultos celebrados à Cibele, deusa greco-romana, considerada a Grande Mãe, associada à pureza e à fertilidade. Agora, quanto ao Obelisco colocado no centro da Praça de São Pedro quando a Igreja Católica já era uma grande potência no mundo é algo que não encontra muitas justificativas...
Marcos e Henrique ficavam em silêncio. Henrique observava aquele homem e pensava que ele devia ter uns 60 anos de idade, mas tinha personalidade muito jovial, e de repente Henrique começava a achar que a sua entrada naquela conversa não era nem um pouco sem propósito, afinal, quantas vezes encontra-se no balcão de uma lanchonete um senhor tão culto e tão disposto a conversar coisas tão pouco convencionais com dois jovens que ainda traziam algumas espinhas da adolescência no rosto?
Enquanto adoçava seu café displicentemente, aquele senhor seguia explicando que o Obelisco da Praça de São Pedro é um objeto muito cobiçado entre os Altos Mestres da Goetia. Henrique e Marcos olhavam-se intrigados, e ele continuava a explanação.
- A Goetia é um tipo de Magia que, supostamente, teria sido utilizada por Salomão, para dominar demônios em nome de Deus. Para encantar um demônio, Salomão precisava fazer uso de uma espécie de selo confeccionado especificamente para cada entidade a ser dominada. Além disso, para obter resultados mais eficientes, Salomão precisava fazer uso de uma chave que abre as portas do céu e do inferno. No ano 437, o Papa Sisto III proclamou com autoridade que a Igreja Católica é proprietária da Chave que abre as portas do Céu e do Inferno. E a porta para estes lugares é e sempre foi a cidade do Vaticano. A Fechadura da porta é a própria Praça de São Pedro – basta ver a planta do Vaticano ou olhá-lo do alto para ver que a Praça de São Pedro foi construída em forma de fechadura. O Segredo da Fechadura está codificado na Roda que é formada na mesma praça. A Roda é a representação de um alinhamento astral importante para nosso planeta e descreve a trajetória do Sol, e... Qual será a Chave para abrir as portas do Céu e do Inferno? – Ora, ela só pode estar no Obelisco que está no centro da Praça de São Pedro, e provavelmente é o selo perdido de Salomão – o mais poderoso selo da Goetia.
- Ufa! Depois de tudo isto, Henrique e Marcos estavam deslumbrados! Tinha sido o melhor café que haviam tomado naquela lanchonete, e perguntavam finalmente àquele senhor, afinal, o que ele era? Arqueólogo? Historiador? Feiticeiro?
E riram todos de terem cogitado que ele fosse um feiticeiro. Mas não. Advogado, ele disse retirando dois cartões do bolso de seu paletó, entregando aos rapazes, e se despedindo.
Agradeceram o café. Apertaram as mãos efusivamente e Marcos estava com os olhos brilhando por tantas informações obtidas ali, naquela lanchonete. Valeram todas as minhas aulas de história, dizia ele, enquanto Henrique ficara paralisado ao ler o cartão de visitas daquele senhor. ‘Dr. Saulo de Tarso – Advogado’. (...)
by Augusto Branco at 2:39 pm
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4.
E SE...
Sete anos e mais se passaram.
O menino que outrora aprendia hermetismo na praça da cidade, havia se tornado um notável mestre da Arte Real, e levava uma vida de bastante sucesso e prestígio profissional, atuando agora como executivo do mercado financeiro no Bank of America’s Corporate Center, na cidade de Charlotte, na Carolina do Norte, Estados Unidos.
A dois meses distante de sua amada Jasmine, que por conta de uma promoção no trabalho foi morar em Manhattan, Henrique já não agüentava mais tanta saudade de sua amada, então desligou a TV, pegou seu celular ao lado da cama e telefonou para ela.
- Amor?...
- Oi, meu anjo. Eu já estava estranhando que você ainda não tinha ligado, hoje.
- Está mal acostumada, né? Eu até tinha pensado em não ligar pra você agora, mas não tem jeito. A saudade aperta e eu acabo ligando. Como você está, minha princesa? Teve um bom dia?
- Ah, meu anjo, o dia foi ótimo! Você está bem?
- Sim, estou ótimo, anjinho. E você, o que conta de bom?
- Hum... Não sei se conto agora...
- Ei, nem vem fazer mistério. Diz logo o que é, amor...
- (...) Sabe aquele projeto do cartão em que a pessoa ganha bônus por material reciclável que ela recolhe em casa?
- Sim, você já me falou bastante a respeito.
- Pois ele foi muito bem recebido pela diretoria e agora eu vou coordenar uma equipe para desenvolvê-lo!
- Que show! Parabéns! Milhões de parabéns, mesmo, minha princesa! Mas, quer saber de uma coisa? Eu já sabia!
- Como assim?
- Claro que eu sabia que eles iriam gostar da idéia, afinal, eu tenho a namorada mais genial que existe!
- Ah, pára, seu bobo.
- Mas é verdade. Agora... Olha... Como é que está a tua disponibilidade nos próximos dias – você poderá vir passar uma semana comigo aqui?
- Meu anjo... Você sabe que é tudo que eu mais quero. Mas agora tendo que coordenar o desenvolvimento do cartão... Fica tão difícil ir aí.
- Hum... Jasmine... Começo a não gostar deste cartão.
- Henrique, não fala assim – já pensou se fosse você?
- Está bem... Está bem... Se fosse eu, se fosse aquilo, se fosse isso, se, se...
- Você não vai ficar chateado comigo, vai?
- Hum... Ok... Então imagina comigo, anjinho. E se nos encontrássemos amanhã, e eu te levasse flores, e te convidasse pra sair?...
Jasmine suspirou um pouco, e respondeu com outra pergunta.
- E se terminássemos a noite num doce beijo, após uma maravilhosa noite de amor, e nos apaixonássemos cada vez mais após muitas outras noites maravilhosas de amor que viriam?...
- E se viajássemos juntos por aí, zoando e curtindo por todos os lugares, vivendo inúmeras aventuras, fazendo milhares de amigos, e colecionando histórias e mais histórias pra contar?... E se eu olhasse profundamente em teus olhos e pedisse a tua mão, e formássemos um lar com direito a filhos, gatos, cachorros, papagaios, um lindo jardim, e até sogras para nos visitar... Jasmine riu-se disto, mas emendou:
- E se a felicidade entrasse de tal forma em nossas vidas que não houvesse problema ou dificuldade capaz de nos entristecer ou de nos abalar?...
- E se todos os dias eu olhasse pra você e descobrisse sempre um novo motivo para eu me apaixonar?...
Os dois suspiraram por um momento, e parecia que Jasmine parava um pouco a vislumbrar tudo aquilo que estavam dizendo um para o outro, e que o tempo e a distância faziam parecer tão intangíveis naquele momento, por isto sentiu-se triste, e perguntou melancólica:
- E se o destino não nos reservasse nada disso, ou se amanhã eu nem estivesse aqui para te olhar?... E a isto Henrique ouviu com espanto, mas logo entendeu os sentimentos de sua amada e respondeu-lhe ternamente:
- Apenas por eu ter te conhecido e ter vislumbrado tudo isso já teria valido a pena viver, já teria valido a pena sonhar...
- Henrique... Você me fez chorar agora.
- Eu também estou chorando aqui, minha princesa. Mas... Escuta: e se eu te dissesse que amanhã eu estou indo para Manhattan para acabar de vez com esta saudade e passar uma semana aí com você?
- Meu anjo... Jura?!
- Aham. Já comprei minhas passagens. Saio daqui amanhã às 04:00h; Cedinho eu estarei aí.
- Seu malvado! Fazendo-me chorar aqui. Por que não disse logo que você vinha?
- Eu não ia dizer. Era pra ser surpresa. E agora eu vou ter de desligar, minha princesa, pois vou dormir um pouquinho antes de pegar o vôo. Te vejo amanhã.
- Eu estarei esperando você, meu amor.
- Eu sei. Eu vou voando! Tenha uma linda noite, minha paixão. Durma com os anjinhos. Mas só por hoje, porque amanhã você dorme comigo.
- Bobo!
- Um bobo que te ama.
- Eu também te amo.
- É, disso eu também sei, mas eu te amo mais - e nem adianta você teimar comigo, que você perde.
- Está bem, não vou teimar, mas amanhã eu te mostro quem ama mais aqui, viu.
- Veremos.
- Beijo pra você, amor.
- Beijos e mais beijos pra você, minha princesa. Até logo.
- Atézinho, meu anjo…
by Augusto Branco at 2:32 pm
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5.
NEW YORK, NEW YORK
‘I wanna wake up in a city that doesn't sleep, and find I'm king of the hill - top of the heap.’ Henrique seguia cantarolando pelas ruas de Manhattan, rumo ao escritório em que trabalhava sua amada Jasmine, mas antes fez uma parada providencial numa floricultura porque não admitia a idéia de ir ao encontro de sua amada sem flores.
- Rosas vermelhas, as mais vermelhas que houver! E a florista sorria a lhe entregar as flores quando, de repente, ouviu-se uma explosão ensurdecedora!
Muitos correram para dentro dos estabelecimentos comerciais. Os veículos detiveram-se por um instante. Alguns olhavam para o céu tentando entender alguma coisa, e Henrique observava tudo tentando manter a calma até que ouviu outra grande explosão.
- O que está acontecendo?
- Guerra! Gritou alguém. Um avião caiu!
E tudo era uma confusão de informações de pessoas em pane, até que Henrique avistou que a alguns quarteirões dali as pessoas aglomeravam-se nas esquinas olhando para o alto. Tentou olhar para cima do lugar onde ele estava, mas os prédios cortavam a visão. Uns quinze minutos se passaram e ouviu-se outra grande explosão. Henrique correu até o aglomerado de pessoas e, antes que precisasse perguntar qualquer coisa, viu com seus próprios olhos o topo das torres do World Trade Center ruindo porque foram atingidas por dois aviões.
- Jasmine! Foi o que ele pensou imediatamente.
Jasmine trabalhava naquele prédio, numa divisão do banco de investimentos Cantor Fitzgerald LP, no andar 101a da Torre Norte do World Trade Center, e Henrique apressava-se em ligar para ela.
- Alô? Jasmine? Ela demorou em responder. Meu anjo! Minha princesa, que bom ouvir você! Onde você está?
- Eu estou aqui, amor. Estou no escritório. O prédio explodiu, disseram que aviões acertaram as torres. Os andares debaixo estão incendiados e não temos como sair daqui, mas já disseram que os bombeiros estão vindo pra cá e vão apagar as chamas.
- Deus Santo... Mas... E aí na tua sala, está tudo ok?
- Tem muita fumaça nos corredores. Tudo estremeceu aqui. Alguns móveis caíram, mas estamos todos bem aqui na nossa sala, aguardando os bombeiros.
- Eu estou indo para aí, amor. Tenho certeza que os bombeiros conseguirão conter este incêndio e vocês poderão sair.
- Meu anjo...
- O que foi, minha princesa? Jasmine começava a chorar ao telefone. Ela quase não conseguia falar. Henrique...
- Estou te ouvindo, amor. Estou aqui, com você.
- Então, amor... Não desliga o telefone.
- Claro que não, não vou desligar, minha princesa, vou ficar aqui, falando com você. Olha, eu acabei de escolher flores para você. Rosas! Rosas vermelhas. As mais vermelhas que havia! Jasmine sorriu. Ouça... Quando você sair daí, nós vamos jantar juntos e depois vamos dançar um pouco na sala, só eu e você. - Eu vou cantar ‘Love me tender’ pra você ao teu ouvido.
- Ah, não, meu anjo, não canta, não. Você é muito desafinado.
- É, né... Deixa. Não é toda mulher que tem a sorte de namorar quase um ‘Elvis Presley’ como eu, ta bom.
- É... Mas esse ‘quase’ fez toda a diferença! (...) E os dois riam disto.
- Eu amo você, minha princesa.
- Também te amo.
- Veja, eu estou indo a pé até aí. O trânsito na cidade parou. Jasmine? Jasmine?
A ligação caiu. Henrique ligou novamente e ela atendeu ao primeiro toque.
- Caiu a linha?
- Meu anjo, tremeu tudo aqui.
- Calma, Jasmine. Em poucos minutos estará tudo bem, amor.
- Sim, estamos nos esforçando para manter a tranqüilidade aqui.
Henrique seguia a passos largos rumo ao World Trade Center. Enquanto tentava transmitir tranqüilidade para a sua amada, seu coração batia a mil por hora. Ele apressava-se, corria de vez em quando, mas a cerca de uns quinhentos metros das torres o trânsito foi impedido. Apenas podiam passar ambulâncias, carros de bombeiros e viaturas da polícia que controlavam o fluxo e continham os muitos que tinham seus amigos e familiares naquele prédio, e também as equipes de TV que queriam filmar tudo o que acontecia. A tensão aumentava a cada instante e já completava quase uma hora do acontecido quando detritos cada vez maiores do prédio começavam a cair. De súbito, Henrique ouviu gritos ao telefone.
- Jasmine? O que foi isso?
- Não sei, amor. Não sei. Ouvimos explosões aqui. Mas parecem ter sido no outro prédio.
- Deus...
- Está desabando!
Os bombeiros e equipes de emergência apressavam-se em evacuar a área e o mundo viu pelos sinais de TV a Torre Sul do World Trade Center ir ao chão, em linha reta, como se estivesse sendo demolida por toneladas de explosivos. Todos silenciaram neste momento. Henrique desesperou-se.
- Jasmine! Jasmine! Eu estou indo pra aí, amor! Estou indo pra aí.
Jasmine não conseguia dizer nada. A ligação caiu mais uma vez. Nisto Henrique correu o mais depressa que pôde. Tentou passar pela polícia, mas foi impedido.
- Minha namorada está ali, me deixem passar!
- Senhor, acalme-se, o senhor não pode ir até lá, falava-lhe uma jovem policial enquanto seus colegas seguravam Henrique.
- Soltem-me! Soltem-me! Eu quero ir. Eu tenho que ir!
- Não, meu senhor. Ninguém está autorizado a passar daqui. Pela sua segurança, sou obrigado a mantê-lo aqui, e serei obrigado a algemá-lo caso o senhor insista.
Henrique tentou recobrar a compostura. Pareceu acalmar-se, mas de súbito deu uma cotovelada no estômago de um dos policiais e passou pela barreira de segurança, mas foi pego antes que conseguisse correr uns cinco metros. Capturado, e algemado à grade de contenção da polícia, Henrique gritava em pranto.
- Jasmine! Jasmine!
A oficial que o ouvia estava com o coração partido, mas não podia soltá-lo. Antes que conseguisse acalmar-se, Henrique ouviu seu telefone tocar. Era Jasmine. Com dificuldade, ele usou a mão esquerda para pegar o celular em seu bolso direito.
- Meu amor? Minha princesa?
- Henrique, meu anjo...
- Meu amor, não consigo chegar aí. Os policiais me algemaram aqui.
- Meu anjo! Você não pode vir aqui. Henrique suspirava ao telefone. Você está chorando? Ele não respondia. Henrique? Henrique, você está chorando?
- Não, amor, não estou. Eu estou um pouco gripado, é isso. (...)
- Olha, eu estou bem aqui. Nós subimos para o andar de cima, estava ficando muito quente onde estávamos. Algumas pessoas desmaiaram sufocadas e outras se apavoraram ao verem a torre ao lado desabando. Esta torre em que estou vai desabar também...
- Não! Não vai, amor.
- Vai, sim, meu anjo. E, por favor, me ouça: eu não quero que você fique nervoso. Você sempre pediu para eu me esforçar para aceitar a ordem natural das coisas, que a morte é o destino natural de todos nós. Lembra do que você me disse quando meu pai morreu? Você disse que ninguém morre de verdade, certo?
- Jasmine...
- As pessoas ficam vivas nas lembranças e nos corações de quem fica, não é?
- Minha princesa, você não vai morrer agora.
- Henrique... Não há mais o que fazer. Disseram que os bombeiros foram embora. Esta torre vai desabar. Então eu só estou ligando por que... Por que... Porque eu nunca disse, mas você foi o único homem que eu amei em minha vida.
- Jasmine, pára de falar assim.
- Eu amo você com toda a força de meu coração. Com toda a força de minha alma. Eu queria casar com você. Ter filhos com você...
- Jasmine, eu também quero casar com você. Eu vou casar com você.
- Não... Não vai, Henrique. Você vai continuar aqui. E eu estou indo.
- Meu amor... Pára, por favor, pára...
- Mas de onde eu estiver, eu estarei torcendo para que você seja muito feliz. Eu quero que você seja muito feliz. Porque você me fez muito feliz.
- Nós seremos felizes juntos!
- Você sempre me apoiou em tudo, no final da faculdade, no trabalho, me deu forças nos momentos mais difíceis. Você é um homem muito especial, meu amor.
- Você que é muito especial, Jasmine. E pára. Pára de falar assim.
- Não, amor... O prédio não pára de tremer. Eu estou indo, meu amor.
- Jasmine! Não desliga!
- Eu não vou desligar. Eu estou indo, mas eu quero que você saiba... Eu quero que você saiba que... Que eu vou te amar pra sempre.
- Eu também vou te amar pra sempre e você vai sair daí e...
- Henrique!
- O que foi, amor?
- Me promete uma coisa?
- Claro que prometo, claro que prometo. O que você quer?
- Promete que você vai ser muito feliz?... Nisto Henrique não conteve o choro. Não conseguia falar. Soluçava a chorar enquanto Jasmine insistia ao telefone: Promete, meu amor... Promete.
- Claro, meu anjo, eu prometo. Eu prometo...
E a ligação caiu outra vez. Henrique tentava ligar novamente. Sua mão tremia e seu coração doía em seu peito. Conseguiu completar a chamada, mas Jasmine não atendia. Discou novamente. Mas nada de Jasmine o atender. Antes a Torre Norte veio ao chão.
- Não!!! Não!!!
E o que se viu depois disto foi outra enorme nuvem de poeira tomando as ruas de Manhattan, e Henrique desabando aos prantos, preso à grade em que ele estava algemado, sendo consumido por imensa dor...
Em algum lugar nas ruas ali perto, a poeira enterrava algumas rosas deixadas no chão. As rosas mais vermelhas que haviam...
by Augusto Branco at 2:17 pm
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6.
OS ATENTADOS DE 11 DE SETEMBRO
Três semanas se passaram e Henrique era só pranto. Não voltou para Charlotte. Da mãe de Jasmine ele recebeu um álbum com algumas das fotografias que Jasmine guardava consigo desde o início do namoro deles e agora ele já não sabia exatamente o que iria fazer. Pensava em voltar ao Brasil. Pensava em simplesmente sumir, desaparecer. Ele queria ter morrido naquele dia também. Voltou para Charlotte, por fim.
Cinco semanas se passaram e Henrique era só pranto. Ele não saía de seu apartamento. Sua secretária no Bank of America já tinha desistido de falar com ele, e agora lhe avisava quanto a sua rescisão de contrato por abandono de emprego. Pouco lhe importava. Durante aqueles dias seu cabelo e sua barba cresceram como as de um mendigo. Emagreceu seis quilos, comendo apenas o que havia no armário e na geladeira. Ele não tinha a menor vontade de sair de casa outra vez.
Sete semanas se passaram e Henrique era só pranto. Porque resolveu deixar a TV ligada enquanto ele ia para a cozinha preparar alguma refeição, lhe chamou a atenção as afirmações de um professor da Universidade de Winsconsin, Kevin Barret, que contestava praticamente tudo o que envolvia os atentados às torres do World Trade Center, desde o planejamento dos ataques pela rede terrorista Al Qaeda, até o fato de que as torres teriam desabado por efeito do choque dos aviões. Henrique deteve-se na sala a ouvir as indagações do professor, e tudo que ele dizia parecia bastante coerente e, no mínimo, intrigante.
A contestação à verdade sobre os atentados de 11 de setembro consistia em dois pontos básicos: até mesmo uma pessoa leiga ao observar um vídeo das torres desabando dirá que elas parecem terem sido demolidas por explosivos, e Henrique se lembrava de sua conversa com Jasmine em que ela relatava ter ouvido explosões antes da Torre Norte desabar.
O segundo ponto importante da contestação está na estória pouco crível de que o líder da Al Qaeda, Osama Bin Laden, teria coordenado toda a ação com seus agentes terroristas morando e fazendo treinamentos para piloto de avião justamente nos Estados Unidos. Ora, que tipo de louco, por mais insano que seja, pretende atacar um país enviando seus agentes para morar e treinar no próprio país a ser atacado?
Sem precisar aprofundar-se na intrincada rede de relacionamentos do então presidente dos Estados Unidos na época dos atentados, o senhor George W. Bush, nem precisando aprofundar-se na rede de relacionamentos de sua equipe de Governo e de seus patrocinadores de campanha com a família Bin Laden, Henrique concentrava-se apenas no seguinte questionamento:
Como os Estados Unidos da América, a maior potência econômica e militar de todo o planeta, detentora da mais avançada tecnologia de vigilância por satélites e radares, com o maior arsenal bélico de defesa e ataque da Terra; que possuem diversas agências de inteligência e espionagem infiltradas por nações ocidentais e orientais; que têm parceria com países como Israel e Inglaterra, também possuidores de suas agências de inteligência sofisticadas; enfim, como poderia os E.U.A permitir que a Al Qaeda de Osama Bin Laden, sem nenhum tipo de ajuda interna americana, enviasse 19 suicidas para serem treinados durante meses em território americano, seqüestrando quatro aviões simultaneamente, desviando-os de suas rotas e arremessando-os contra os maiores símbolos do poderio econômico e militar norte-americano, sem serem descobertos senão depois de tudo acontecido?
Aceitar que um ataque tão significante quanto os atentados de 11 de setembro tenham sido planejados e coordenados por um fanático terrorista que mora numa caverna, dentro de algum deserto, e executados por recém-formados pilotos de avião que burlaram todo o sistema de inteligência e de segurança da nação mais poderosa do mundo, armados apenas com canivetes, é uma estória que Henrique não conseguia engolir.
Mantendo-se apenas com os rendimentos de suas aplicações financeiras, Henrique tornou-se um profundo investigador dos atentados de 11 de setembro, e a ele somavam-se milhares de pessoas entre engenheiros, pilotos, agentes de inteligência e de segurança ou simplesmente pessoas que perderam entes queridos nestes atentados e que formariam, posteriormente, duas redes conhecidas como 911 Truth Movement e AE911 Truth – esta última formada por mais de 1.500 engenheiros e arquitetos somados a mais de 10 mil profissionais de áreas afins que afirmam categoricamente que as torres gêmeas foram implodidas e que o impacto dos aviões não seria capaz de derrubá-las. Mais que isso, o 911 Truth Movement afirma que os atentados de 11 de setembro, no mínimo, contaram com a omissão do Governo Americano, isto para não dizer que foi, realmente, um crime interno.
Esta idéia ganha força quando se observa que George W. Bush havia chegado à presidência dos Estados Unidos representando os interesses de conglomerados empresariais liderados por grandes bancos, acionistas de empresas de setores estratégicos da construção civil, da indústria petrolífera e da indústria bélica, que foram os maiores patrocinadores de sua campanha presidencial. Para honrar os compromissos com seus patrocinadores, o ilegítimo novo Presidente (ora, George W. Bush tornou-se presidente através de uma eleição fraudulenta) precisava iniciar um conjunto de atividades eficiente que jorrasse bilhões de dólares nas contas daqueles que o levaram ao poder, e isto significava guerra. E o que aconteceu após os atentados de 11 de setembro? – Guerra. Uma guerra que perduraria por cerca de dez anos...
by Augusto Branco at 2:14 pm
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7.
EVIDÊNCIAS
Como resultado de suas investigações, Henrique reuniu uma série de evidências que fortaleciam ainda mais a idéia de que a versão oficial do governo acerca dos atentados de 11 de setembro era uma grande farsa. Analisando, além do atentado ao World Trade Center, o ataque ao Pentágono e o abatimento de um avião que teria sido seqüestrado pelos terroristas da Al Qaeda, todos ocorridos naquele mesmo dia negro de setembro, Henrique ficava mais certo de que estava diante de algo estarrecedor à medida que se aprofundava em suas investigações.
Supostamente, o Pentágono foi atingido pelo Boeing de vôo 77 da American Airlines. Para fazer isto, o piloto deste Boeing precisaria ter tido treinamento militar, pois teria sido um vôo rasante que deveria desviar-se dos cabos de alta tensão presentes no local. Mesmo os melhores pilotos militares consideram esta manobra praticamente impossível de realizar. Além disto, as imagens obtidas poucos minutos após o ataque ao Pentágono não mostram nenhum vestígio dos destroços do avião que teria atingido o prédio. Custa acreditar que uma aeronave tão grande tenha feito um estrago tão pequeno no prédio do Pentágono e simplesmente tenha ‘evaporado’ após o choque.
Curiosamente, no dia seguinte aos atentados, iniciou-se a reforma do prédio do Pentágono, com um urgente aterro do gramado do jardim da instituição – lugar por onde o avião teria se arrastado, mas que se encontrava em perfeito estado, ou seja, o Boeing não estragou o gramado do Pentágono, que ainda assim precisou ser aterrado imediatamente para o plantio de novo gramado. Também não foram encontrados corpos nem bagagem no local, os quais provavelmente também ‘evaporaram’ junto com o avião que supostamente atingiu o prédio.
Já quanto às torres do WTC, o aço utilizado para construí-las deveria sofrer seus primeiros problemas quando a temperatura atingisse 500° C, mas a queima do combustível dos aviões não supera os 360° C quando se incendeia. Além disto, no momento do desabamento, os incêndios provocados pelo impacto dos aviões já haviam diminuído, de onde se deduz que a temperatura deveria ter diminuído também, e que provavelmente estava ainda muito mais abaixo do necessário para abalar as estruturas das torres gêmeas.
O tipo de desabamento sofrido por ambas as torres só é usual em demolições controladas. Não se explica como os andares superiores aos dos impactos não caíram em bloco ou de forma fragmentada; nos registros em filme, esses pisos superiores simplesmente se “desfizeram”.
Outra controvérsia apontada por engenheiros que analisaram os atentados é que as torres do WTC foram projetadas para suportar o impacto superior ao de aviões do tipo Boeing 757 e 767, e de fato elas só vieram a desabar horas depois do impacto dos aviões, mas por quê? Ora, o calor produzido pelas chamas da explosão dos aviões também não era suficiente para abalar as estruturas dos prédios, então o que faria as torres desabarem? A resposta talvez seja encontrada nos testemunhos de bombeiros e de sobreviventes que ouviram várias explosões nos andares inferiores ao do impacto dos aviões – testemunhos que não encontram espaço nos grandes veículos de comunicação, mas que não silenciam entre os muitos que estiveram no WTC no momento da tragédia, e que suspeitam que as vidas de seus amigos e familiares foram friamente sacrificadas ali, sim, mas não apenas pela Al Qaeda.
A tese oficial sobre os atentados de 11 de setembro diz também que um dos quatro aviões seqüestrados caiu nos arredores de Pittsburgh, quando os passageiros brigavam com os terroristas para tomar o controle da aeronave. Porém, destroços do avião foram encontrados no dia seguinte a oito milhas de distância do lugar do impacto, fato que evidencia que, na realidade, esta aeronave explodiu em pleno vôo.
Todas estas contradições tornavam as informações oficiais pouco ou nada críveis e lançavam suspeitas de que se os atentados de 11 de setembro não foram um crime interno, na melhor das hipóteses os terroristas da Al Qaeda contaram com a colaboração da alta cúpula do Governo, tanto quando é sabido que após os atentados de 11 de setembro as companhias aéreas tiveram grandes prejuízos, especialmente por conta da desvalorização de suas ações. Sabe-se que pequenas companhias teriam cessado suas atividades, entretanto, às vésperas dos atentados, aconteceu um movimento imenso e muito incomum nas vendas das ações das companhias American Airlines e United Air Lines, as quais negociaram 4.744 contratos de venda de ações, contra os habituais 300 contratos que estas companhias negociavam em período semelhante. Ninguém nunca soube quem comprou estas ações, mas quem às vendeu fez isto num momento muito apropriado, como muito apropriado vieram a ser as guerras no Iraque e no Afeganistão que renderiam mais de 2 trilhões de dólares às corporações contratadas pelo governo americano para darem suporte bélico, de combustíveis, humanitário, no setor da construção civil, entre outros. É uma soma bastante significativa com muitas pessoas ganhando fortunas em muitos segmentos empresariais – e muitos dos sócios e diretores destas empresas eram pessoas ligadas ao governo, ou seja, pessoas que tinham interesse em lucrar com a guerra.
by Augusto Branco at 2:11 pm
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8.
BOAZ E JACHIM
Após muito analisar a possibilidade de que os atentados de 11 de setembro fossem um crime interno, Henrique deparou-se com a seguinte questão: quem eram os grandes empresários e os grandes líderes do mundo, quem eram as pessoas que estariam lucrando com estas guerras e que supostamente teriam parte na autoria dos atentados de 11 de setembro, senão uma elite mundial que, via de regra, eram membros de sociedades secretas?
George W. Bush, por exemplo, era membro da sociedade secreta Skulls and Bones (Caveiras e Ossos), uma sociedade irmã da Maçonaria, que compartilha filosofia e rituais em comum. O ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, foi o primeiro membro da Ordem Demolay (outra ordem para-maçônica) a assumir o cargo de presidente naquele país, e era membro da sociedade secreta Rhodes Society. Seu antecessor na presidência americana, George Bush – o pai de George W. Bush – era membro fundador da sociedade Skulls and Bones, e os principais presidentes da história dos Estados Unidos eram membros de sociedades secretas, especialmente da Maçonaria, tais como George Washington e Benjamim Franklin.
Henrique sabia que a Maçonaria preparava caminho para colocar um membro da ordem novamente na presidência nos próximos anos, e o mais cotado para isto era um irmão de grau 32 da Loja Prince Hall, um Príncipe do Real Segredo Kadosh, o Senador Barack Hussein Obama.
Todos estes presidentes não chegavam ao poder sem o apoio de grandes corporações empresariais, cujos acionistas majoritários e diretores também eram membros de sociedades secretas iniciáticas para-maçônicas, e que se reuniam anualmente em conferências do clube Bilderberg para definirem planos para a formação de uma Nova Ordem Mundial. Deste modo, admitir que os atentados de 11 de setembro foram um crime interno era o mesmo que assumir que os grandes líderes da Maçonaria e de sociedades para-maçônicas seriam co-autores daquela atrocidade em 11 de setembro.
Esta era uma conclusão perturbadora que Henrique não queria aceitar. Durante toda a sua formação maçônica, o que ele aprendeu foi a fortalecer sua moral, aperfeiçoar seu espírito, e pôr em prática os ideais de liberdade, de igualdade e de fraternidade. Como supor que seus irmãos de Ordem e de outras sociedades para-maçônicas pudessem agir de modo tão vil e desumano? Definitivamente, Henrique não queria acreditar em suas conclusões, mas agora além de analisar as controvérsias acerca dos atentados, ele passava a fazer uma análise ocultista dos fatos a fim de identificar assinaturas maçônicas nos atentados. E encontrou.
As torres do World Trade Center foram construídas por iniciativa dos irmãos Rockefeller para que representassem as colunas sagradas da maçonaria Boaz e Jachim. As colunas Boaz e Jachim, originalmente, adornavam a entrada do Templo de Jerusalém, construído no reinado de Salomão, e cujo modelo a Maçonaria reproduz em seus templos. Deste modo, as Torres do World Trade Center, seriam as Colunas Boaz e Jachim à entrada de Nova York, a qual seria o átrio, a antecâmara do Grande Templo Maçônico no Ocidente, que é os Estados Unidos da América, onde fica a cidade sagrada de Washington, a qual foi construída de modo que suas principais ruas e construções formem símbolos maçônicos alinhados com constelações na abóbada celeste.
As duas colunas Boaz e Jachim também são a representação das duas tribos fiéis que fundaram Jerusalém – Benjamin e Judá – e que constituíam os pilares do novo reino do povo de Deus. Destruir as colunas do Templo de Jerusalém seria como destruir os pilares da fé no Deus dos Judeus e dos Cristãos. Mas as torres do World Trade Center nada tinham de religiosas, pois aqueles prédios eram um centro financeiro. Então... qual a simbologia correta para isto? Ora, de um modo simbólico podia-se dizer que estavam sendo derrubados os pilares da economia da nação mais poderosa do mundo, o que prenunciaria o início de uma derrocada financeira daquele país, que viria a gerar uma crise econômica de proporções dantescas dentro dos próximos anos, um ambiente de caos que faria a população exigir mudanças significativas no cenário político e econômico a posterior.
O Pentágono é outro símbolo maçônico, que é a figura geométrica formada no centro de um pentagrama, um dos mais poderosos símbolos mágicos. Sendo o Pentágono a sede da inteligência militar dos Estados Unidos, um ataque ao pentágono simbolizaria um desequilíbrio nas ações militares dos Estados Unidos, que poderiam viver períodos longos e estúpidos de guerra para enfrentarem uma posterior fragilização de sua imagem e de sua influência militar – muito em parte por conta de uma perda de influência econômica que o país teria em breve e que faria com que esta nação passasse a evitar a participação direta de seus exércitos em guerras ou conflitos no exterior.
Ao observar que os atentados de 11 de setembro atingiram símbolos maçônicos, alguém poderia começar a concluir que a Maçonaria também estava sendo vítima nesta história dos atentados, pois seus símbolos sagrados foram atacados. Entretanto, Henrique sabia o que significava explodir um símbolo maçônico: quando um símbolo maçônico é explodido, se dispersa toda sua energia pelo ar – é um dos mais poderosos atos de magia, e que só deve ser feito se o magista tiver um grande propósito, porque os efeitos podem ser devastadores. As suspeitas de Henrique ganharam ainda mais força quando ele lembrou-se dos mosaicos encontrados na sede do Bank of America’s Corporate Center, em Charlotte, onde ele trabalhava, e isto o levaria a conclusões mais do que perturbadoras...
by Augusto Branco at 2:06 pm
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9.
MAGNUM OPUS
No Bank of America Corporate Center, em Charlotte, na Carolina do Norte, há um conjunto de murais com ilustrações repletas de simbolismo maçônico. Pintados por Benjamin Long, diz-se que a mensagem dos murais circula por temas como construção, caos e planejamento, numa ‘ousada mistura de realismo e abstrato com toques de ouro’...
O afresco da direita é chamado de Planejamento, e nele é retratado um garoto loiro em um piso xadrez do tipo que é encontrado nos templos maçônicos. Os pés do garoto estão posicionados um junto ao outro formando um ângulo de 90 graus, o que sugere que ele seja um iniciado maçônico. Próximas ao menino estão pessoas que se assemelham a executivos que apontam para o garoto como se ele fosse o resultado do planejamento deles.
Por trás do garoto há uma árvore em chamas, numa clara alusão à sarça ardente vista por Moisés no monte Horeb. A sarça ardente tem significado especial para os maçons de grau 33, pois eles acreditam que foi nesta ocasião que Deus revelou pela primeira vez o seu inefável nome a Moisés. Ao fundo há uma pirâmide egípcia, simbolizando que tudo aquilo está de acordo com os ensinamentos das Escolas de Mistérios do Antigo Egito.
À esquerda deste afresco há escadas que levam para o céu, representando o caminho para a iluminação, mas o Sol que paira no céu não é um Sol dourado, mas um Sol negro, o mesmo Sol que é encontrado na Bracken House, em Londres, e no Aeroporto Internacional de Denver. O Sol negro representa a primeira fase da Magnum Opus – Grande Obra – o processo alquímico que transmuta metais em ouro. Na fase de Sol Negro, os metais são primeiramente escurecidos, perdem todo o seu brilho e nobreza, mas esta é uma fase necessária para que o metal seja transformado no mais puro, nobre e reluzente ouro. Este primeiro afresco estaria representando, portanto, o planejamento de uma Grande Obra... Mas o objeto desta grande obra não seriam os metais, mas as pessoas, pois os demais afrescos retratam transformações sociais.
O afresco do meio é chamado de Caos e Criatividade. Nele é visto um furacão formado por pessoas em transe no céu, enquanto que na terra acontece uma série de revoluções. Manifestações populares, protestos, repreensão do exército, o mundo parece estar em convulsão, e chama a atenção uma pessoa vestida com roupas contra risco de contaminação químico-biológica. O predomínio da cor dourado-pálida neste afresco pode ser associado à etapa intermediária da grande obra alquímica, chamada Whitening ou clareamento.
O afresco do lado esquerdo é chamado de Construir, e nele se destaca a figura de um trabalhador segurando uma pá, contemplado o trabalho realizado. Neste afresco predomina a cor vermelha, que é associada à última etapa do Magnum Opus alquímico: o ‘trabalho vermelho’.
No ocultismo, o processo alquímico pode acontecer no nível material, espiritual, e filosófico. Em nível filosófico, ocorre a transmutação quando o profano se torna um ‘homem regenerado’. Henrique sabia que era ensinado no seio da maioria das sociedades secretas que o mundo inteiro é considerado objeto de transformação alquímica, e ao lembrar-se daqueles afrescos passou a concluir que o período de tribulação pelo qual a sociedade passava desde tempos idos (envolvendo diversas guerras, crises econômicas e atentados terroristas entre outras grandes tragédias) poderia ser resultado do planejamento das elites do mundo com a finalidade de criar um mundo ‘regenerado’, uma Nova Ordem Mundial.
Enquanto fazia estas conclusões, resolveu ir buscar em seu armário uma caixa com livros que ele havia ganhado por efeito de sua promoção ao grau de mestre maçom. Dentro da caixa, o livro do Ritual do Grau de Mestre Maçom, uma edição de ‘O Príncipe’, de Maquiavel, comentada por Napoleão, e uma edição de Fenomenologia do Espírito, de Hegel, no seu original em alemão. Henrique já conhecia aquelas obras, e por isto ficou perplexo. A mensagem mais forte da obra de Machiavel é que os fins justificam os meios, e a mensagem mais importante da obra de Hegel é que todo conflito traz mudança, e conflito planejado traz mudança planejada. Diante disto, Henrique ligava os pontos: e se a elite maçônica estivesse por trás do planejamento de conflitos e crises mundiais com o intuito de promover as mudanças necessárias ao alvorecer de uma nova era, de uma nova ordem mundial, com uma sociedade mais justa, livre, igualitária e fraterna? Estaria a elite maçônica fazendo uso da premissa de que os fins justificam os meios?
by Augusto Branco at 2:00 pm
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10.
SOBRE O GOVERNO DAS COISAS
Henrique não conseguia aceitar o teor de suas conclusões. Como mestre maçom, assumir que a Ordem seria capaz de arquitetar um plano tão desumano – ainda que com um propósito benéfico – era algo que o fazia sentir nojo de si mesmo. Ele lembrava-se das palavras de seu primeiro mestre ao lhe explicar que na Maçonaria, apenas ao evoluir em grau, é que o maçom ia se aprofundando nos segredos da Ordem, porque até tornar-se mestre nenhum maçom estaria preparado para conhecer a Verdade, e mesmo entre mestres maçons havia muitos que jamais teriam este preparo para conhecê-la, e assim nunca conheceriam os segredos da Ordem em sua plenitude.
Agora Henrique começava a entender que verdade tão terrível era esta, e porque muitos jamais estariam preparados para conhecê-la, mas isto o consumia por dentro. Ele pensava nos atentados de 11 de setembro, lembrava de Jasmine, e um aperto enorme lhe acometia o peito. Ele não podia aceitar que a Ordem da qual ele era membro pudesse ter colaborado para pôr fim à vida de sua amada e de tantas e tantas pessoas inocentes.
Para acabar com qualquer dúvida a respeito disto, Henrique reuniu o resultado de suas investigações e foi procurar o seu Grão Mestre, que também era um dos diretores do Bank of America e colocou sobre a mesa todos os seus questionamentos e conclusões. O Grão Mestre ouvia tudo e olhava para Henrique de modo impassível, e quando Henrique silenciou, ele reclinou-se em sua poltrona como que se estivesse tentando demonstrar uma postura relaxada e desdenhosa quanto ao que ouvia.
- Então, Venerável Henrique, você acredita que a Maçonaria lidera uma elite mundial que manipula os mais diversos acontecimentos na sociedade, desde o que você come no jantar até as guerras no Oriente Médio... Uma elite muito poderosa, da qual participam todos os homens mais importantes deste mundo, desde grandes empresários, autoridades, políticos, reis e presidentes de todas as nações. Uma elite que tem um plano de implantação de uma nova ordem mundial, e que é capaz de executar verdadeiros crimes contra a humanidade em favor de seu ideal?
Apesar de não estar num Templo Maçônico, e sim em seu escritório, no Bank of America, o Grão Mestre fazia questão de usar o tratamento maçônico a fim de lembrar a Henrique que a hierarquia da Ordem estendia-se para além das paredes do Templo, e por isto Henrique continha-se para não ser hostil e procurou responder friamente:
- Sei que uma elite de aproximadamente 300 famílias detém 50% de toda a riqueza do mundo, e isto é um fato. E seria ingênuo considerar que tanto dinheiro e, por conseqüência, tanto poder concentrado nas mãos destas pessoas se daria sem estratégias habilidosamente colocadas em prática. Ou será possível que estas pessoas se mantêm no topo do mundo durante tanto tempo pela mais pura sorte?
- Ah... Então você está juntando-se àquele grupo de... Como eu diria?... ‘Conspiracionistas’, que em tudo vêem sinais de uma enorme conspiração mundial e que acredita que a Maçonaria e outras sociedades secretas estão por trás disto?
- Sabeis bem que a história do mundo possui mais conspirações do que as pessoas costumam pensar. A maioria das Revoluções do mundo - se é possível excetuar o fato de que seus líderes pertenciam a sociedades secretas - foram desenvolvidas por conspiradores, pessoas interessadas em derrubar os governos vigentes, ou mesmo o sistema de governo vigente, especialmente para a implantação da Democracia.
A população já percebeu, por exemplo, que é por interesses econômicos que as guerras verdadeiramente são travadas. Ideais políticos, sociais e religiosos servem apenas para inflamar os corações daqueles que morrerão nos campos de batalha. E muitas vezes quem financia a guerra controla ambos os lados.
Durante a Guerra Civil Americana, inclusive, há provas de que os bancos da Dinastia Rothschild financiaram tanto os exércitos do sul quanto os exércitos do norte. Para um lado, o financiador eram seus bancos na América, para o outro lado, os financiadores eram seus bancos na Europa, e isto garantia a influência dos Rothschild no Governo e na economia americana qualquer que fosse o lado vencedor.
E talvez fosse desnecessário mencionar que o Governo dos Estados Unidos foi responsável pelo armamento de países e grupos guerrilheiros que mais tarde tornar-se-iam seus inimigos, como o Iraque e a Al Qaeda, de Osama Bin Laden. Será que eles não poderiam prever isto? Claro que previram, e provavelmente desejaram o resultado desastroso.
- Ora... E o que você precisa mais que eu diga a você, Venerável Henrique. Veio até mim com o propósito de fazer-me perguntas para as quais já tem todas as respostas? (...) Em que poderei eu ser útil?
- Por favor... O que eu quero que você diga é: o que a Ordem tem a ver com os atentados de 11 de setembro? Se não tem nada, simplesmente diga-me: não tem nada!
- E você me acreditaria, Venerável Henrique? O teu coração já está envenenado...
- Por Deus! Eu só não quero aceitar que a Maçonaria tem parte com esta elite que manipula a sociedade com arquitetosos planos a fim de se manterem no poder, inclusive cometendo crimes, forjando informações e promovendo guerras, pois além de nossos governantes serem em sua maioria irmãos maçons, encontrei assinaturas maçônicas nos atentados de 11 de setembro. Isto é algo de tal modo estarrecedor que me faz sentir nojo de mim mesmo!
Nisto, Henrique via seu Mestre rir-se por um instante.
- Meu bom Henrique... Lembra-te das nossas questões fundamentais... O que é o bem? O que é o mal? O que é a ética? O bem e o mal podem ser muito relativos, e mesmo um mal aparente pode, na verdade, gerar um bem comum. É preciso analisar o cenário como um todo, não apenas as variáveis do presente, mas também o passado e o futuro.
- Eu entendo que as coisas podem funcionar assim, tal como tu dizes. E entendo que por vezes os fins justifiquem os meios. Mas isto corrompe toda a ética, argumentava Henrique, ao que seu Mestre riu-se novamente.
- A ética também é relativa, disse o Grão Mestre. Mas, por mais relativa que seja, eis que eu te digo o que a ética realmente é em sua essência: a ética é apenas algo que o teu senhor quer que você tenha para que você não lhe passe uma rasteira enquanto ele pisa em cima de você.
- Mas, por toda a Luz, deste modo você me faz parecer que as pessoas que governam o mundo são pessoas terríveis!
- Não, isto não fui eu que disse, mas talvez você já concorde com o pensador que diz que grandes homens geralmente são homens maus... Peço que você reflita sobre esta afirmação. Aceita uma taça de vinho?...
Ao ouvir isto, Henrique ficava perplexo, e enquanto levanta-se para buscar uma garrafa de vinho, o Grão Mestre lançava-se a fazer reflexões sobre os atentados de 11 de setembro:
- Quantas pessoas morreram nestes atentados, Venerável Henrique? Duas mil e novecentas pessoas? (...) A guerra ao terror da doutrina Bush vai render trilhões de dólares para vários setores da economia. Nunca duas mil e novecentas pessoas foram tão rentáveis assim...
E o que o Grão Mestre recebeu como resposta a isto foi um soco de Henrique, que lhe arrebentou o nariz.
- Maldito! Maldito seja! Verme miserável, como diz uma coisa dessas?! O Grão Mestre tentava recuperar a compostura e passava a mão no rosto enxugando o sangue que lhe corria pelo nariz, enquanto Henrique tirava seu anel maçônico do dedo jogando-o no chão e esbravejava: Maldito seja o dia em que ingressei nesta Ordem! Maldito seja o dia em que coloquei meus pés neste caminho! E dito isto se retirou da sala a bater a porta.
by Augusto Branco at 1:50 pm
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11.
NA AMAZÔNIA
Dez anos se passaram. Sob a advertência de que seria vigiado após ter abandonado a Maçonaria, Henrique resolveu ir morar num sítio às margens do rio Ipixuna, em plena floresta amazônica. Depois de todas as investigações e conclusões a que ele chegara, percebeu que ele não teria como lutar contra o sistema vigente. O que ele poderia fazer, se os governos, a justiça, as grandes empresas, a mídia, todos os recursos e todo o poder estavam nas mãos dos senhores do mundo? Qualquer coisa que ele tentasse fazer resultaria em sua difamação, prisão, morte, ou no mínimo ele seria taxado de louco.
Por conta disto e porque estava resignado com o fato de ter pertencido ao grupo que agora ele abominava, preferiu o isolamento de tudo e de todos, e seguia sua vida de modo pacato e muito simples, cuidando de uma pequena plantação de fruteiras, legumes e verduras, e pescando todos os dias para subsistência.
No final das tardes, ele costumava pegar seu equipamento e ir fazer rapel nos paredões e nas quedas d’água dos arredores. Como companhia apenas os seus dois amigos caninos, Chicão e Caetano, os quais deram o alarme quando alguém se aproximava da porteira do sítio. Henrique estava no banho, e saiu às pressas para ver do que se tratava, pois era incomum que aparecessem visitantes por ali, tanto mais sem avisar.
Enquanto passava a toalha pela cintura, Henrique avistava um Jeep acinzentado pela janela e percebeu que os cachorros haviam parado de latir. Para sua surpresa, quando abriu a porta ele deparou-se com uma moça de ar muito dócil a brincar com Chicão e Caetano.
- Moça?...
- Ah! Oi... Nossa... Desculpe-me eu ter entrado assim, mas é que eles são uma gracinha, como se chamam?
- Chicão e Caetano, o malhado de preto e branco é o Chicão, e o branquinho é o Caetano, respondeu Henrique ainda desconcertado. E você, quem é?
- Ah, mil perdões. Você é Henrique, certo? Daniel Henrique?
Henrique afirmou positivamente com a cabeça, ainda a estranhar a presença da moça em seu sítio, e ela percebeu que estava causando certo desconforto ali.
- Ai, meu Deus... Parece que eu não deveria ter vindo mesmo aqui. Desculpe-me, eu...
- Calma. Como você se chama e porque veio até aqui?
- Não se lembra de mim? ... Eu sou Eva Cristina, filha do arqueólogo Apolônio de Tiana. Você foi à minha casa algumas vezes.
- Sério?... Mas... Eu me lembro de você, mas... Você está tão... Bem, você era uma menina! Está com qual idade agora? Dezoito?
- Não! Vinte e quatro.
- E eu com 38 agora me senti o cara mais velho do mundo.
- Que é isso?! Você está ótimo!
- Bom... Mas porque você veio até aqui, neste lugar tão distante, e sozinha?
- Antes de meu pai morrer ele me deixou uma carta, um bilhete, pedindo que eu procurasse você.
- O Mestre Apolônio morreu? Quando foi isso?
- Há três semanas, respondeu ela com o semblante entristecido.
- Céus... Eu lamento muito, disse Henrique aproximando-se e abraçando a moça, que se recostou em seu peito. Mas logo Henrique deu por si que estava sem camisa e apenas com uma toalha, pelo que pediu desculpas, e apressou-se em convidá-la para entrar enquanto ele ia vestir uma roupa, e Eva suspirava enquanto ele entrava no quarto e voltava vestido com bermuda e camiseta gola pólo.
- Bom... Eu estou bastante chocado com a notícia de que teu pai faleceu. Ele era um homem muito bom e um grande amigo. Como se deu isto?
- Ele foi assassinado no Iraque, região da antiga Babilônia, enquanto fazia escavações no templo de Ishtar. Disseram que ele foi morto por um tal Malki Tzedeq, com um ferino golpe de espada.
- Malki Tzedeq?!
- Sim, acho que é este o nome, por quê?
- Ele o encontrou...
- Encontrou o que?
- Malki Tzedeq é o Senhor do Mundo. Para muitos, uma lenda. Mas na Ásia e no Oriente Médio não são muitos os que duvidam da existência dele. Quando ele se aproxima, a natureza pára, o vento pára de soprar, e os homens devem ajoelhar-se e fechar seus olhos para não vê-lo e terem sua penitência.
- Sim... Eu fiquei sabendo desta história, mas...
- Não acredita?
Eva pareceu reticente, mas quis saber:
- Se ele existe, porque ele mataria meu pai?
- Suspeito que teu pai tenha encontrado o que ele procurava a muitos e muitos anos...
- O Pomo de Ouro?
- Exatamente.
- Se o encontrou, Arthur, um dos arqueólogos que trabalha com ele, disse que o tal Malki Tzedeq levou o Pomo de Ouro consigo.
- Foi o que eu imaginei. Malki Tzedeq é impiedoso com quem se atreve a profanar as coisas sagradas, e procura mantê-las fora do alcance dos homens, e a ele é devido parte de todos os tesouros da Terra. Conforme está escrito na Bíblia Sagrada, até mesmo Abraão recebeu recomendações de Deus para que oferecesse tributo a Malki Tzedeq.
- Você fala como se ele existisse de fato...
- Se ele não existe quem teria matado teu pai?
Os dois calaram-se por um instante...
- Veja, este é o bilhete que meu pai deixou para mim. Tem escrito: ‘Procure Daniel Henrique, ele ajudará você. ’ As demais linhas estão em uma espécie de código. E no final simplesmente diz: ‘Amo você, minha querida filha. ’
- Deixe-me ver. Henrique olhou o bilhete e prontamente reconheceu o código, pois estava escrito no alfabeto maçônico. Isto é a senha de um cofre, disse ele. Há um cofre na casa de tua família?
- Sim, há. Eu sei onde fica. Meu pai sempre guardava algumas coisas que ele encontrava em suas explorações neste cofre.
- Então é isto que ele quer que eu faça... Que eu te ajude a abrir o cofre, e passou a senha em código para que outra pessoa que não fosse maçom não pudesse abri-lo porque, muito provavelmente, há algo de imenso valor ali...
- Dinheiro?
- Não... Algo ainda mais precioso, eu suponho.
by Augusto Branco at 1:46 pm
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12.
CHI CSI STIGMA
Deixando Chicão e Caetano sob os cuidados de seus pais, Henrique partiu com Eva Cristina até a cidade de São Paulo para que pudessem abrir o cofre de Apolônio, na suntuosa mansão da família num dos bairros mais nobres da cidade.
Diante do cofre, que ficava no escritório do velho arqueólogo, atrás de uma replica do quadro ‘Criador e Criatura’, de Michelangelo, Henrique pedia que Eva lhe entregasse a carta de Apolônio com a senha do cofre, e ao abri-lo encontraram alguns pequenos artefatos sumérios, outros egípcios, que certamente valeriam um bom dinheiro, mas Henrique alertava que se estavam guardados ali era porque Apolônio considerava que não deviam ser vendidos nem expostos num museu. Apolônio não era um vil colecionador, dizia Henrique, mas um homem comprometido com a busca da Verdade. Eva ouvia estas palavras com satisfação, quando mostrou a Henrique que havia um fundo falso naquele cofre – seu pai havia mostrado para ela quando ela ainda era criança. Na superfície metálica do fundo falso havia os caracteres gregos χξϛ´
- Chi, csi, stigma... Seiscentos e sessenta e seis. Sussurrou Henrique.
- O número da Besta?
- Não exatamente, disse Henrique. Há muitos significados para este número – a maioria muito positiva. Acho que esta é uma senha secreta para o cofre. Vamos fechá-lo, acrescentar estes números e ver se conseguimos abri-lo outra vez.
Henrique fechou o cofre e adicionou 666 no final do segredo do cofre e, para surpresa de Eva, realmente a primeira porta do cofre se abriu.
- Que incrível!
- Bom... Truques de Apolônio – alguma coisa eu tinha que ter aprendido com ele, dizia Henrique com ar contente. Mas agora vejamos se conseguimos abrir a segunda porta. Henrique tateou a superfície metálica da segunda porta do cofre, pois não havia modo aparente de como abri-la. Lembrou-se das medidas maçônicas e concluiu: Para o Oriente! Eva não alcançava o raciocínio de Henrique, que foi até a janela para ver onde estava o Sol, daí identificou os pontos cardeais e voltou para o cofre para tentar abrir a segunda porta. Tem que ser para a esquerda, dizia ele enquanto forçava a segunda porta sem êxito. Para a esquerda...
- Deixe-me tentar, disse Eva, ao que Henrique consentiu um tanto incrédulo. Abriu!
- Não acredito...
- Abriu, veja!
Os dois sorriram, mas... Ao olharem para o interior do cofre não viram nada.
- Nada?
- Não pode ser, não se contentava Henrique. O Mestre Apolônio não faria tantos rodeios por nada. Tem que haver alguma coisa aqui. Henrique se pôs a tatear as paredes do interior do cofre e sentiu algo diferente na parte superior. Havia algo grudado parede superior do cofre! Era um envelope de plástico rígido e prateado, muito bem fixado. Tirando um canivete do bolso, Henrique começou a retirar o envelope, ao que Eva assistia com grande expectativa. Ao tirar o envelope do cofre e abri-lo, Henrique retirou dele um pergaminho escrito em um idioma que Henrique não conhecia. (...) Ai, ai... Por que o Mestre Apolônio gostava tanto de complicar as coisas? Isto parece uma língua morta.
- É fenício! Disse Eva ao que Henrique se surpreendeu.
- Você consegue traduzir isto?
- Acho que sim. Há alguma vantagem em ser filha de arqueólogo.
- Ok... O que tem escrito aí?
- Parece ser um conjunto de profecias...
E logo os dois sentavam-se à mesa para ver o que revelaria a tradução dos escritos daquele pergaminho, que Eva Cristina lia em voz alta e Henrique tratava de transcrever tudo para o papel:
- Estes são os acontecimentos anteriores aos tempos do fim, revelados pela sabedoria do Príncipe Vassago, o Terceiro Espírito. O homem sábio observará estes sinais e saberá quando o mal virá com fúria e o destino da humanidade será terrível a menos que ela devolva o Pomo de Ouro que em tempos imemoriáveis tomou para si, diz o Príncipe das Vinte e Seis Legiões.
Uma tempestade afetará muitos povos do lado esquerdo, mas a primavera não trará o governo do povo sem que antes muito sangue seja derramado sobre terra.
O Sol Nascente conhecerá a fúria das águas, e uma grave ameaça partirá de seu núcleo assolando os que sobreviverem.
Porque não respeitaram as operárias, todas elas partirão sem aviso prévio, e o fazendeiro não fará sua colheita.
Será pobre quem não tiver ouro e prata. O papel americano deverá recompor as ruínas.
Na Nação do meio-dia, um ramo de Washington será recebido pela realeza. Então IREI EU SOU rei.
Setenta e nove homens dirão ao mundo que aquele que estava morto foi morto novamente. Uma mentira encerrará outra mentira.
Jacob voará com a Águia contra o Leão para aniquilá-lo, mas o Dragão acolherá o Leão sob suas asas e Jacob, com a Águia, se afastará. Antes, porém, muita dor, sangue e lágrimas.
Três eram os magos. Três eram os segredos. Três éramos os homens de Fátima. Três serão os Papas. Um o foi. Outro o é. O terceiro será - e este será o último.
Ao meio-dia a escuridão cobrirá sua face e ele iniciará seus trabalhos enquanto as ruas serão tomadas pelo medo, caos, e insegurança. Doze estrelas que cruzavam o céu em um ano cruzarão em apenas um dia quando à meia-noite direita se tornará esquerda e a esquerda direita se tornará.
Depois de todas estas coisas, a civilização tal como se conhece deixará de existir, a menos a menos que a cruz seja removida e o Pomo de Ouro seja retirado do interior da terra e devolvido antes que a roda comece a girar. Palavras do Terceiro Espírito. VITRIOL.
by Augusto Branco at 1:39 pm
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13.
DECIFRANDO PROFECIAS
Eva e Henrique olhavam-se intrigados diante daquelas profecias.
- Quando ele escreveu isto? Quis saber Henrique.
- Está datado de 21 de junho de 2010.
- Será possível?...
- O que?
- Apolônio dominou o Príncipe Vassago e fez ele revelar conhecimentos acerca do futuro? Todos estas profecias parecem ser acontecimentos do ano de 2011.
- Quem é o Príncipe Vassago?
- É um demônio que pode ser dominado usando a Goetia. É um dos demônios de melhor índole, mas muito difícil de ser dominado. Ele sabe tudo sobre o porvir e... Se estas são as palavras do Príncipe Vassago acerca dos tempos do fim, e se estes acontecimentos são do ano de 2011, o fim está muito próximo.
- 2012? Profecia Maia?
- Não sei... Talvez.
- Por que você diz que estes acontecimentos são de 2011?
- Veja: a primeira profecia diz ‘Uma tempestade afetará muitos povos do lado esquerdo, mas a primavera não trará o governo do povo sem que antes muito sangue seja derramado sobre terra.’ Isto provavelmente é uma referência aos conflitos que eclodiram no Oriente Médio em abril daquele ano, com muitos povos se rebelando e clamando por Democracia, o governo do povo, especialmente na Líbia, na Síria, no Bahrein e também no Egito.
- Faz sentido...
- Sim, faz muito sentido. E a segunda profecia foi muito mais explícita. Ela diz ‘O Sol Nascente conhecerá a fúria das águas, e uma grave ameaça partirá de seu núcleo assolando os que sobreviverem’.
- Isso foi sobre o tsunami que assolou o Japão e causou o vazamento da Usina Nuclear de Fukushima?
- Exatamente!
- Que incrível, disse Eva pegando a tradução das profecias das mãos de Henrique e contestando: Mas... Tsunamis e terremotos são comuns no Japão.
- Sim, podem ser comuns, mas se o Príncipe Vassago fez questão de citar é porque desta vez seria algo incomum, como de fato foi. E, além disto, não é todo terremoto e tsunami que destroem usinas nucleares.
- Verdade...
- O que diz a terceira profecia, Eva?
- ‘Porque não respeitaram as operárias, todas elas partirão sem aviso prévio, e o fazendeiro não fará sua colheita.’ Estranho... Operárias não trabalham em fazendas.
- Trabalham sim. São abelhas! Abelhas operárias. O desaparecimento das abelhas foi uma das grandes causas da crise alimentar que estamos atravessando. Elas sumiram, então as flores não foram polinizadas, e deste modo não geraram frutos, e por isto o mundo vive este período terrível de escassez de alimentos. Mais uma profecia acertada!
- A quarta eu sei o que é. Diz ‘Será pobre quem não tiver ouro e prata. O papel americano deverá recompor as ruínas. ’ Isto é sobre a derrocada do dólar e imensa valorização do ouro e da prata após a mais recente crise econômica mundial, certo?
- Bingo!!
- Mas a quinta, sobre o que é? Eu sei que o Japão é a nação do Sol Nascente, mas qual é a Nação do meio-dia?
- É a Inglaterra!
-?
- É por ela que passa o meridiano de Greenwich, que define o fuso horário mundial. Quando é seis horas da manhã no extremo ocidente e seis horas da tarde no extremo oriente, na Inglaterra é meio-dia. É o centro do mundo. Ao menos do fuso horário.
- Mas porque fala de Washington, se o país é a Inglaterra?
- Ele fala de um RAMO de Washington. Da descendência de Washington. Provavelmente está a se referir a George Washington, primeiro presidente dos Estados Unidos, que era inglês e mestre da Maçonaria. Ele estava dizendo que um descendente de George Washington seria parte da realeza na Inglaterra.
- É isso! A Princesa Kate Middletom! Digo, a Duquesa Catherine, que é esposa do Príncipe Willian, é prima de George Washington, eu vi numa revista!
- William... WILL I AM... IREI EU SER. Perfeito! Willian será rei, é o que diz a profecia!
- Céus! É extraordinário. Todos estão a dizer que o Príncipe Charles abdicará da coroa, agora que a Rainha Elizabeth morreu.
- Esta é uma profecia que está prestes a se concretizar, então chegamos ao nosso tempo – apesar de que me parece que as profecias citadas não seguem uma ordem cronológica.
- Certo...
- O que diz mesmo a próxima profecia?
- Setenta e nove homens anunciarão ao mundo que aquele que estava morto foi morto novamente. Uma mentira colocará fim a outra mentira.
Depois de um silêncio agudo ante este enigma, Henrique se via bastante perturbado com o que concluía.
- Isto é uma alusão à morte de Osama Bin Laden, Eva!
- Como assim?
- Setenta e nove é o número de pessoas envolvidas na operação que resultou na suposta morte de Osama Bin Laden, anunciada pelos Estados Unidos no dia 01 de maio de 2011.
Eva compreendia a coincidência do número, mas não percebia porque Henrique concluía que se tratava da morte de Osama Bin Laden, mas ele seguiu explicando que a ativista paquistanesa Benazir Butho havia relatado em uma entrevista à televisão no ano de 2006 que Osama Bin Laden havia sido assassinado por um homem chamado Omar Sheik. Misteriosamente, Benazir Butho foi assassinada poucos meses após fazer estas declarações, e os Estados Unidos não assumiram que Osama Bin Laden estava morto por dois motivos: primeiro porque não queriam expor sua incompetência a gastar bilhões de dólares numa guerra, sacrificando centenas de milhares de vidas, e não conseguindo capturar um único homem, além de que a guerra sempre foi muito interessante financeiramente para aquela nação. A Al Qaeda, por sua vez, não queria perder seu líder carismático. Mas mediante a popularidade cada vez menor de Barack Obama às vésperas das eleições, o Governo Americano resolveu anunciar a morte de Osama Bin Laden, o que ajudaria a elevar a popularidade de Barack Obama.
- Mas fizeram exame de DNA e a Al Qaeda assumiu a morte de Osama Bin Laden, contestava Eva.
- Sim, mas há de ser lembrando que a Al Qaeda foi criada pela CIA, e sem os Estados Unidos para ajudar na mentira, a Al Qaeda não teria como sustentar que Osama continuava vivo, então lhes restava assumir que ele estava morto – como de fato estava a muito tempo, dizia Henrique, e seguia explicando que Sadam Hussein, antigo ditador do Iraque, foi capturado, julgado, condenado e executado em solo americano, mas Osama Bin Laden foi morto e jogado no mar. Para justificar que tivessem jogado o corpo de Osama Bin Laden no mar, as autoridades americanas disseram que estavam respeitando tradições islâmicas, mas os muçulmanos negam e deixam claro que as suas tradições são extremamente contra o lançamento de um cadáver ao mar. E se te colocares a analisar a morte de Osama Bin Laden, perceberás ainda mais controvérsias acerca do ocorrido.
- Verdade. Eu lembro que disseram que a casa de Bin Laden estava situada em meio a vários quartéis do exército paquistanês, o que é difícil de acreditar. Mas porque ele diz que uma mentira colocará fim a outra mentira?
- Primeiro porque Osama já estava morto, e segundo porque a ameaça Osama Bin Laden sempre foi uma mentira!
-???!!!
- Eva, eu perdi a mulher que eu amava nos atentados de 11 de setembro. Eu e todas as pessoas que perderam entes queridos nestes atentados nos colocamos a investigar a fundo o que aconteceu ali, e temos certeza que se a Al Qaeda de Osama Bin Laden executou os atentados de 11 de setembro, ela o fez com a conivência do governo americano.
- Meu Deus...
- Sim, qualquer dia eu explico pra você o que realmente aconteceu nesta estória, mas continuemos. Qual é a última profecia?
- Três eram os magos. Três eram os segredos. Três serão os Papas. Um o foi. Outro o é. O terceiro será - e este será o último.
- Deus...
- O que foi?
- Ele está a falar do fim da Igreja Católica.
- Sim... Mas porque fala de magos e segredos?
- Ele está dando pistas de quem será o último Papa, e provavelmente se refere aos três segredos de Fátima, revelados pela irmã Lúcia. Apenas três homens ouviram da irmã Lúcia estes segredos: Papa João Paulo II, Papa Bento XVI e o Camerlengo Tarcísio Bertone.
- Um o foi... João Paulo II. Outro o é, Bento XVI, e o terceiro e último será Tarcísio Bertone?
- Sim, com absoluta certeza esta profecia se concretizará.
- Porque tem tanta certeza?
- Tarcisio Bertone é o atual Camerlengo do Vaticano. É um Vice-Papa. Quando Bento XVI morrer, ele assumirá o governo do Vaticano com a tarefa de organizar o Conclave para escolha de um novo Papa. Ou seja, Bertone será um Papa. Ainda que provisório, mas será Papa, e de acordo com a profecia... Será também o último! E nós sabemos que a saúde do Papa não vai bem.
- Nossa... E o cumprimento de todas estas profecias é o sinal de que esta civilização está vivendo os seus últimos dias?...
- É o que disse o Terceiro Espírito.
- Mas se ele é um demônio, ele não poderia estar mentindo?
- Não sob o domínio de um Mago da Goetia. E ao que vemos, as profecias têm sido certeiras.
Eva e Henrique estavam prestes a tentar decifrar a próxima profecia quando dona Manuela chegava à porta com sucos e biscoitos que habitualmente eram oferecidos às visitas da casa e avisava que já estava indo embora porque naquele final de semana seriam seus dias de folga. Enquanto serviam-se, Henrique parecia preocupado em voltar para seu sítio, na Amazônia, na noite daquele dia.
- Acha que consigo passagem para algum vôo de volta ainda nesta noite, Eva?
- Como? Já pretende voltar?
- Bom... Acho que cumpri minha missão aqui. Vim com você, abri o cofre, te ajudei a decifrar este conjunto de profecias... Quer dizer, faltam duas ainda, mas, terminando isto, gostaria de voltar pra casa ainda hoje.
- Nossa... Será que você não percebeu o que temos em mãos?
-?!
- Isto é sério, Henrique! As coisas estão acontecendo conforme escrito nestas profecias! Nós precisamos fazer alguma coisa!
- Sim, parece que as profecias estão se cumprindo, mas... O que podemos fazer? Pegar o ‘pomo de ouro’ e devolver não sei onde antes que a roda comece a girar, e etc? Nós nem temos o pomo de ouro! Se Apolônio o encontrou, a esta altura ele está com Malki Tzedeq, ou sei lá com quem, e o que poderemos fazer a respeito? Sair em busca de uma lenda?
- Eu achei que você acreditava nestas coisas...
- E eu achei que você não acreditava.
- Eu?!
- Sim. Primeiro você parecia surpresa que eu falasse sobre Malki Tzedeq como se ele existisse de fato, e depois você ficou muda quando eu questionei sobre quem mais poderia ter assassinado teu pai se não tivesse sido Malki Tzedeq. Deu a entender que não acreditava nisto.
- Mas eu acredito!
- Então porque se comportou daquele jeito?
Eva engoliu seco. Os olhos dela ficaram rasos d’água e ela respondeu com a voz embargada que se comportava daquele jeito porque todo mundo ridicularizava isto. O pai dela considerava a busca pelo pomo de ouro a coisa mais importante em sua vida, mas morreu sendo ridicularizado por procurá-lo, e que na verdade ela tinha ficado feliz em saber que Henrique não apenas conhecia estas histórias como parecia acreditar nelas.
- Você não deveria sentir vergonha das coisas que você acredita, nem deveria sentir vergonha de teu pai, disse Henrique comovido com a moça, que procurava recuperar a compostura. Ele olhava-a nos olhos. Via seus cabelos, tão lindos, iluminados pelos raios do Sol que passavam pela vidraça da janela. Uma lágrima corria o rosto de Eva Cristina, e Henrique aproximou-se para enxugar o rosto dela com a sua mão. A respiração dela estava ofegante, seus seios arfavam sob a blusa que tinha dois botões abertos, porque estava calor, e os olhos de Henrique tentavam não adivinhar a graça das formas e curvas daquela doce e linda mulher à sua frente, tão frágil... Henrique enxugava a lágrima que corria pelo rosto dela e deixou sua mão descer um pouco, lhe acariciando, até que se deteve por um instante porque um ponto vermelho lhe chamou a atenção no pescoço de Eva. E agora o ponto vermelho subia para o queixo, para o nariz...
- Cuidado!!
Henrique atirou-se sobre Eva, e em seguida aconteceu um disparo que estilhaçou a vidraça.
- Por Deus, o que é isso?!
Os dois arrastaram-se até a porta do escritório e conseguiram chegar até a porta que levava ao corredor.
- Quem está querendo matar você, garota?
- Eu não sei! Vamos chamar a polícia!
- Não. Eles não chegarão a tempo. Precisamos sair daqui. Onde fica a porta dos fundos?
- Não. Pela porta, não. Vem comigo.
- E as profecias?
- Estão comigo. Vamos para o meu quarto. Vem!
Do lado de fora, o atirador aproximava-se da casa. Tinha ordens para incendiar tudo se fosse necessário, então começou a espalhar gasolina ao redor da casa, enquanto Henrique trancava a porta do quarto, Eva movia um livro falso que fez mover a estante e revelou uma saída.
- É uma passagem secreta que leva para a garagem. Meu pai a fez pra mim quando eu ainda era criança, sempre preocupado com minha segurança.
Os dois apressavam-se em atravessar a passagem secreta. Eva passou rapidamente, mas Henrique tinha mais dificuldade a passar, porque a passagem era muito estreita.
- Isto foi feito para uma criança, mesmo, hein! Reclamava ele enquanto Eva abria a porta do carro, mas Henrique a pegou pelo braço e lhe deteve à porta.
- Nada disso. Eu dirijo, mocinha.
- Tudo bem, não vou discutir com homem machista agora.
- Não sou machista. Tuas malas ainda estão aqui no carro?
- Sim, estão. Por quê?
Antes que Henrique respondesse, os dois se assustaram com o clarão do fogo que iluminou tudo ao redor, pois o atirador incendiou a casa.
- Vamos embora daqui!
- Para onde?! Desesperava-se Eva.
- Ora, o que você acha? Buscar o pomo de ouro!
by Augusto Branco at 1:30 pm
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14.
DESTINO: BABILÔNIA
Alguns quilômetros longe dali, no centro comercial da cidade, Eva e Henrique recuperavam o fôlego enquanto pensavam no que iriam fazer. Não havia mais ninguém na casa, e Eva ligaria para o contador da família acionar o seguro e para isto precisavam registrar ocorrência na delegacia. Também especulavam sobre quem teria intenção de matá-la e porque, e só conseguiram concluir que isto tinha ligação com as profecias que eles tinham em mãos e com o pomo de ouro.
- Querem o pomo de ouro para eles?
- Não... Ou não tentariam te matar nem teriam incendiado tua casa. Acho que não querem é que o pomo de ouro seja encontrado.
- Mas não há uma única pista sobre onde poderemos encontrar o pomo de ouro, dizia Eva.
- Há sim. Em qual cidade teu pai foi morto?
- Em Bagdá, região da antiga Babilônia. Ele estava fazendo escavações num suposto templo de Ishtar.
- Ainda há pessoas trabalhando nestas escavações?
- Sim. Arthur, que trabalhava com meu pai, agora é quem lidera os trabalhos por lá.
- Ótimo! Então vamos para Bagdá.
No avião, mal haviam decolado, Henrique lia alguns arquivos em seu notebook e tecia alguns comentários para que Eva Cristina compreendesse algumas coisas mais a fundo.
- O pomo de ouro é um elemento recorrente em muitas mitologias, com diferentes funções. Geralmente, o pomo de ouro é descrito como uma maçã dourada. Na Mitologia grega pomos de ouro eram cultivados no jardim de Hespérides, o pomar de Hera, onde crescem árvores que dão maçãs douradas da imortalidade. No local está o dragão Ladon, vigia de Hera contra invasores. Um dos doze trabalhos de Hércules era justamente buscar pomos de ouro do jardim para que ele fosse redimido e voltasse a habitar o Olimpo dos deuses. Na mitologia nórdica, maçãs douradas garantem a vida eterna e juventude permanente para os deuses, e são cultivadas pela deusa Iduna. Em outras mitologias, o pomo de ouro é conhecido como o fruto da discórdia – até mesmo na Grécia ele figura como uma das causas da Guerra de Tróia. E especialmente no livro do gênesis, estudiosos consideram que o fruto proibido, o fruto do conhecimento – também uma maçã – era um pomo de ouro. É recorrente o fato de o pomo de ouro ter sido roubado e precisar ser devolvido aos deuses para que os homens tenham perdão pelos seus atos. E, no caso deste pomo de ouro que iremos buscar, se ele não for devolvido a tempo, não haverá humanidade para receber perdão...
Ao terminar de explanar estes conhecimentos, ante o silencio permanente de Eva, Henrique olhou para o lado e viu que ela já dormia feito um anjo. Assim, ele fechou seu notebook, pegou um travesseiro e colocou sob a cabeça dela, ajeitando com cuidado os seus cabelos. Tinha sido um dia e tanto, ela realmente precisava descansar. (...)
by Augusto Branco at 1:25 pm
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15.
A SÉTIMA PROFECIA
Chegando ao Iraque, ainda na cidade de Bagdá, Eva tentava contatar Arthur sem obter sucesso, pois ele não atendia os telefonemas nem respondia aos seus e-mails.
- Será que ele ainda está aqui?
- Quando ele entregou-me o bilhete de meu pai, ele disse que voltaria pra cá, para continuar os trabalhos nas escavações.
- Hum... Esperemos ele responder até amanhã, então. Se ele não responder, seguiremos para o deserto rumo ao templo de Ishtar com a ajuda de algum guia. Que acha de jantarmos, agora? O restaurante do hotel parece servir boa comida.
- Sim, e eu adoro comida árabe!
Os dois seguiram para o restaurante do hotel e conversavam descontraidamente sobre a rica culinária do oriente médio, repleta de condimentos muito especiais, mas que no jantar eram servidas refeições mais leves, como frutas com pão e queijo ou pastéis. Conhecedores dos hábitos ocidentais, os restaurantes acabavam por servir coisas mais pesadas, como os pedaços de carne grelhados no carvão que compõe o delicioso kebab, e a shawarma, que é um tipo de sanduíche com carne de cordeiro, de bode ou de frango, e Eva ria-se de Henrique, que se atrapalhava a comer o kebab.
- Como se come isto? Aperto de um lado, ele foge para o outro!
- Deixa eu te ajudar. E Eva acabou por fatiar o kebab para Henrique em seu prato.
- Nossa...
- Ah, pára, também não é nada tão incrível assim.
- Não, não é isso. Veja, ali na televisão.
- Guerra?
- Sim... Israel está avançando contra o Irã, com apoio dos E.U.A.
O noticiário dizia que a China reprovava veementemente os ataques, e sugeria o cessar fogo.
- É a sétima profecia!
- Como assim? Quis saber Eva.
- A sétima profecia diz que Jacob voará com a Águia contra o Leão, mas o Dragão acolherá o Leão, e Jacob com a Águia se afastará. Mas antes de se afastarem haverá muito sangue e lágrimas. Jacob só pode ser Israel que tem o apoio dos Estados Unidos, que é a Águia. O Dragão só pode ser a China, que está pedindo o cessar fogo contra o Irã, que tem o Leão como símbolo!
- Meu Deus...
- Isto significa que temos cada vez menos tempo para encontrar e devolver o pomo de ouro.
- Quanto tempo?
- Não tenho idéia, mas pelo ritmo dos acontecimentos, muito pouco tempo! Até porque a guerra está acontecendo logo aqui ao lado!
Eva ouviu um sinal em seu Iphone. Era Arthur respondendo ao e-mail dela, informando que estava no Egito, em um congresso de arqueologia, mas que eles poderiam procurar por Hassan Al Manara, um comerciante de antiguidades da cidade de Bagdá que poderia ajudá-los a chegar às ruínas do templo de Ishtar, ao que os dois combinaram de saírem logo ao amanhecer e após o jantar foram dormir em seus quartos.
- Dormirá tranqüila, aí? Quis saber Henrique antes de entrar no quarto ao lado.
- Sim, Superman. Respondeu Eva com gracejo, a rir-se do jeito protetor de Henrique.
- Eu só estou preocupado com você.
- Eu sei. Obrigada, mas dormirei bem, sim. E qualquer coisa eu grito!
- Tudo bem. Tenha uma boa noite.
- Você também. Atézinho...
- !
Henrique lembrou-se de Jasmine que costumava despedir-se assim.
- O que foi?
- Nada. Até mais, Eva. Durma bem...
by Augusto Branco at 10:01 am
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16.
MOHABON
Meio ao precário e tumultuado comércio de Bagdá, Eva e Henrique encontraram a loja de Al Manara, e depois de se apresentarem com as recomendações de Arthur. O desconfiado Al Manara lhes disse que não havia mais trabalhadores nas ruínas do templo de Ishtar, e que não conhecia ninguém que tivesse coragem de ir até lá. O máximo que ele poderia fazer era pedir que um criado seu os levasse até as proximidades das ruínas, mas a partir de certo ponto eles teriam de seguir sozinhos, por sua conta e risco. Henrique pediu que Eva pensasse um pouco a respeito, mas esta não demorou nada a dizer que sim, que aceitariam a proposta de Al Manara, o qual lhes cobrou ainda 300 dólares pelos seus préstimos.
Eva trazia em seu íntimo a idéia de ver o local onde seu pai esteve trabalhando em seus últimos dias de vida, e Henrique ficava admirado ao ver a disposição daquela jovem ao montar o camelo para seguir rumo a um deserto desconhecido e perigoso. Após duas horas de jornada pelo deserto, o guia lhes apontou ao horizonte algumas ruínas que ficavam a uns 20 minutos dali, e se despediu com bastante pressa. Aproximava-se das treze horas, e os dois resolveram aproveitar para descansar um pouco, descendo de seus camelos para beber água e fazer um lanche.
- Se não há mais ninguém trabalhando nas ruínas, o que poderemos encontrar por lá? Perguntava Henrique.
- Não sei... Mas algo me diz que podemos encontrar algo que nos leve ao pomo de ouro.
- E se Malki Tzedeq aparecer? Você viu que ninguém quer mais se aproximar daqui depois do que aconteceu com seu pai.
- Se ele aparecer é porque estamos no caminho certo, não?
Os dois silenciaram por um instante, até que uma lança com uma tira branca foi atirada na direção deles e ficou fincada na areia. A tira branca amarrada na lança não tremulava ao vento.
- Malki Tzedeq? Perguntou Eva assustada.
Henrique chegou a pensar que o melhor seria montar nos camelos e fugir, mas Eva estava paralisada, olhando ao longe. Era um grupo de homens vestidos de branco e montados em camelos que se aproximava.
- Eva!! Vamos embora!
Mas Eva não respondia nem se movia. Era como se estivesse em estado de choque, revivendo o momento em que seu pai foi assassinado, então Henrique resolveu pegá-la pelo braço, mas já era tarde, pois sentiu um rifle encostando em sua cabeça. Um homem falando no idioma persa sinalizava para que eles colocassem as mãos na cabeça, enquanto os demais homens se aproximavam rapidamente.
Logo, um homem que parecia liderar o grupo ordenou que amarrassem os dois e os levassem consigo, mas quando ele se aproximou dos dois, Henrique pôde notar no cordão que ele trazia um pingente com o Olho de Hórus, e unindo suas mãos ele formou uma pomba acima de sua cabeça, que é o símbolo da Paz, mas, sobretudo, de Ísis, e disse ‘Elai b ne al manah’. Ao ouvir isto o líder do grupo voltou-se para ele, e Henrique repetiu as palavras ‘Elai b ne al manah.’
Ouvindo isto e observando o sinal que Henrique fazia, o homem ordenou que fossem chamar MohaBon.
- MohaBon?
- Quem é MohaBon? Perguntou Eva, mas Henrique não lhe respondeu. Dali a poucos minutos alguns homens se aproximavam trazendo MohaBon, um homem branco, gordo e barbudo, de aparência ocidental. Tão logo desceu de seu camelo, lhe apontaram Eva e Henrique amarrados.
- Henrique? Perguntou MohaBon tentando reconhecer melhor, ao que Henrique surpreendeu-se. Daniel Henrique? Insistiu MohaBon, ao que Henrique respondeu que sim, que aquele era seu nome. Não está me reconhecendo? Henrique emudecia, quase que a afirmar que não, e Eva olhava para ele aflita torcendo pra que ele dissesse que sim, mas MohaBon tratou de ajudar e tirou o turbante de seus cabelos, e falou. Não me reconhece, mano velho?
- Marcos?...
- Aí! Eu sabia que eu não tinha mudado tanto assim! Quer dizer, fiquei careca, engordei um pouco, mas até que estou bem, não?
- Ah, garoto!! Alegrou-se Henrique! Mas por que MohaBon? Todos são maçons por aqui?
- Alguns são. Além disto, em território hostil isto ajuda a gente a trilhar por melhores caminhos, explicou Marcos e logo ordenou que os homens baixassem as armas, e assim os dois velhos amigos puderam abraçar-se.
- Cara, o que você está fazendo aqui? Quis saber Henrique.
- Ora, eu me formei em arqueologia, então estou ajudando o pessoal a escavar algumas ruínas por aqui.
- Pesquisadores?
- Não exatamente...
- Ratos do deserto! Disse Eva, ao que Marcos surpreendeu-se.
- Quem é a moça? Sua esposa? Namorada?...
- Desculpe, meu bom amigo. Esta é Eva Cristina, filha do arqueólogo Apolônio de Tiana.
- Ah... O velho Apolônio! (...) Ouvi falar do que aconteceu. Lamento muito...
Eva entristeceu-se um pouco, e Henrique continuou a fazer perguntas ao amigo, a querer saber por que ele estava em companhia de ratos do deserto, e Marcos explicou que as autoridades eram muito burocráticas para licenciar as escavações, e que enquanto o governo demorava anos para emitir uma licença, os ratos tratavam de vasculhar tudo sem autorização nenhuma, então se alguém queria fazer o seu trabalho antes que fizessem uma limpeza completa na área era bom andar na companhia dos ratos. Henrique não engoliu bem a estória do amigo, mas achou melhor não contestá-lo. Logo eles estavam seguindo rumo ao acampamento, sãos e salvos – e o que era ainda melhor: com conforto, boa comida, boa bebida, e cantoria ao redor da fogueira à noite. Enquanto Eva tomava banho, Marcos e Henrique aproveitavam para conversar um pouco.
- Então vocês estão atrás do pomo de ouro, interessava-se Marcos, enquanto tomava um fermentado e apanhava algumas lentilhas.
- Sim... É uma busca meio maluca, eu sei, mas Arthur, que trabalhava com Apolônio de Tiana, garante que o velho arqueólogo teria encontrado o pomo de ouro, e que Malki Tzedeq o matou por conta disto, levando o pomo de ouro consigo.
- Malki Tzedeq é uma lenda, disse Marcos coçando a barba. Mas... Se o tal pomo de ouro foi encontrado, ele vale uma fortuna!
- Sim, é verdade, mas não deve ser vendido.
- Vai dizer que pretende entregar o pomo de ouro a um museu?
- Não. Ele precisa ser devolvido.
- Devolvido? Pra quem? Para os deuses?
- Exatamente!
- Por Deus... Meu bom amigo, você está se saindo um bom comediante! Quer mais cerveja?
- Ah, não, obrigado, Marcos. Mas é sério. Estamos procurando o pomo de ouro para fazer o que sugere o Príncipe Vassago.
- O que? Você andou invocando os demônios com a Goetia?
- Não fui eu, mas Apolônio.
Henrique seguiu contando tudo a respeito das profecias para Marcos, e por fim lhe perguntou se ele poderia ajudar de alguma forma. Marcos pensou um pouco, e logo lhe chamou a atenção a bela Eva Cristina saindo da tenda, trajando um vestido leve e branco. Mal saiu da tenda e alguns rapazes começaram a bater palmas alegremente convidando ela para dançar ao centro da roda. Ela olhou ao redor, viu Marcos e Henrique observando ela, e gostando da música alegre que tocava resolveu ser gentil e dançar um pouco para a alegria de todos que estavam ali.
- É uma moça muito linda, disse Marcos. Tem um sorriso encantador.
- Sim, ela é muito bonita, concordou Henrique.
- Você devia namorar com ela.
- Eu?
- Claro! Ou vai dizer que não gosta dela? Ela gosta de você.
- Porque diz isso?
- Está nos olhos dela. E mais: que mulher aceitaria acompanhar um homem no deserto, rumo ao desconhecido, em busca de algo que sequer tem certeza se existe, com a intenção de ‘salvar o mundo’? Só uma mulher apaixonada faria isso.
- Não... Na verdade, eu é que estou acompanhando ela. Eva acredita nestas coisas até mais do que eu, pois cresceu vendo o pai dela trabalhar nisto. Acho que para ela esta busca tem muito mais significado do que podemos imaginar...
- Tudo bem. Mas ela gosta de você, e isto é fato.
- Ah, deixa disso.
- Vem! E isto era Eva que chamava Henrique para dançar.
- Como?
- Vem!
- Mas eu não sei dançar estas músicas.
- É fácil, é só se deixar levar.
- Vá, vá logo, disse Marcos empurrando o amigo.
E assim foi Henrique a dançar com a doce Eva, entre palmas e sorrisos dos presentes. A luz da fogueira iluminava-lhes o olhar, o céu estava repleto de estrelas, mas nada era mais lindo nem mais brilhante que o sorriso de Eva, radiante da graça que toda mulher tem, a girar e a rodear o quase estático Henrique, com seus passos improvisados, cheios de encanto e alegria. Na lateral, Marcos mostrava a Henrique como era que se dançava, e Henrique sorria a tentar imitar o amigo. Dali a pouco, todos estavam dançando ao redor da fogueira, até que a música parou e Eva notava Henrique encantado a olhar para ela, e como ele nada fazia, ela aproximou-se e lhe deu um beijo no rosto, enquanto os demais aplaudiam a bela dançarina, e ela agradecia com reverências, acenos e sorrisos. Alguns minutos depois todos estavam se recolhendo em suas tendas, e quando Henrique perguntou onde ele iria dormir, Marcos apontou para o amigo a mesma tenda em que Eva dormiria.
- Dormiremos na mesma tenda? Perguntou Henrique enquanto Eva se dirigia para a tenda e Marcos piscava às escondidas para o velho amigo, que achou melhor não falar mais nada.
E naquela noite, Eva e Henrique ainda conversaram bastante, falaram sobre diversos assuntos. Henrique explicou que Marcos era um bom amigo de infância, e também explicou pra Eva que tinha usado um sinal maçônico para pedir socorro quando viu que um dos homens trazia o Olho de Horus como pingente de seu cordão. Dali a pouco estavam a rir das situações pelas quais estavam passando naqueles dias. Eva se lembrou do dia em que Henrique colocou uma flor em seus cabelos, no jardim da casa, enquanto conversava com Apolônio, e comentou que desde aquele tempo só queria andar com flores nos cabelos. Também falaram sobre música, sobre cinema e muitas outras coisas, até que todos os assuntos se esgotaram, mas, curiosamente, eles não estavam com sono, nem tinham visto o tempo passar.
- Já é quase três da manhã! Observou Henrique.
- É mesmo!
- Bom... É melhor dormirmos, não? Amanhã temos de acordar cedo para irmos ao Templo de Ishtar com os homens do Marcos.
- Realmente...
- Você está confortável aí?
- Sim, estou. Eu costumava acampar bastante quando eu era criança, então eu não estranho esses colchonetes fininhos.
- Quer mais um travesseiro?
- Não, obrigada. Pode ficar com o seu.
- Ok. Durma com os anjos, mocinha.
- Você também...
E assim deitaram os dois, cada um em seu colchonete, de costas um para o outro, mas Henrique não conseguia fechar os olhos, e Eva também não. Ela ainda olhou para trás, mas tornou a ficar de costas para Henrique. Ele percebeu o movimento e olhou para trás também, mas viu apenas Eva abraçada com o travesseiro e sorriu com o que viu. Agora era tentar dormir e esperar amanhecer o dia...
by Augusto Branco at 9:55 am
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17.
VITRIOL
Na manhã seguinte, Marcos e alguns dos homens de seu grupo levaram Eva e Henrique até as ruínas do Templo de Ishtar, lugar em que Apolônio de Tiana teria encontrado o pomo de ouro e sido morto por Malki Tzedeq. No caminho, Marcos explicava que acontecimentos deste tipo ajudavam os ratos do deserto a trabalharem em paz, pois eram poucos os que tinham coragem de se aventurarem por ali.
Já à frente das ruínas do templo, Henrique notou que Eva parecia bastante reflexiva a contemplar o que se apresentava aos seus olhos.
- Tem certeza que quer ir até lá? Perguntou Henrique, ao que Eva consentiu com o olhar.
Seguiram, pois, até as ruínas. Marcos falava que outros ratos estiveram por lá antes deles, e que já haviam levado praticamente tudo de valor e explicava que as inscrições na parede eram louvores à deusa Ishtar. Chegando à câmara principal, Eva passava as mãos pelas paredes, imaginando que seu pai passara os seus últimos momentos ali, e enquanto Henrique ocupava-se de fotografar tudo quanto considerava que poderia ser importante, ela tirava alguma coisa da bolsa.
- O que é isso? Quis saber Henrique, e ao fundo Marcos disfarçava seu interesse.
- É um desenho do templo que Arthur entregou-me junto com o bilhete que me levou até você. Este desenho foi feito por meu pai e parece representar esta câmara do templo.
Marcos e Henrique se aproximaram para ver o desenho e após analisarem minuciosamente cada detalhe do desenho, Henrique notou que se destacava à margem inferior esquerda do livro a palavra VITRIOL. Passaram então a procurar o que havia de importante no local indicado pela palavra VITRIOL naquela câmara.
- Veja isso aqui, apontava Marcos. Parece que havia uma abertura na parede aqui, mas foi lacrada. Ou melhor, foi lacrada, aberta, e lacrada novamente. Suponho que foi Apolônio que abriu ela, mas porque lacraria novamente?
- Que acha de abrirmos para ver o que tem aí?
- Demorou pra pedir, sorria Marcos a ordenar que um de seus homens tratasse de remover o lacre daquela parede.
- Por Deus, o que é isso?! Assustava-se Eva no momento em que o rato do deserto aplicava vários golpes de picareta na parede, removendo o lacre rapidamente.
- Prontinho! Dizia Marcos sem demonstrar afetação com os comentários de Eva acerca do modo rude como o rato do deserto tratava as ruínas do templo.
Henrique aproximou-se da abertura na parede, tentou olhar alguma coisa lá dentro e colocou seu braço para dentro da abertura para ver se encontrava alguma coisa, e depois de muito tatear acabou encontrando um objeto, que era um pequeno canudo que trazia dentro dele um pergaminho.
- Fenício? Perguntou Marcos, intrigado.
- São anotações de meu pai, entusiasmava-se Eva.
- O que diz aí? Quis saber Henrique, ao que ela começou a ler em voz alta.
- A filosofia oculta, o conhecimento áureo, a pedra fundamental e o fruto proibido são uma e a mesma verdade essencial. Ao meio-dia a escuridão cobrirá sua face e ele iniciará seus trabalhos enquanto as ruas serão tomadas pelo medo, caos, e insegurança. Doze estrelas que cruzavam o céu em um ano cruzarão em apenas um dia quando à meia-noite direita se tornará esquerda e a esquerda direita se tornará. Depois de todas estas coisas, a civilização tal como se conhece deixará de existir, a menos que a cruz seja removida e o Pomo de Ouro seja retirado do interior da terra e devolvido antes que a roda comece a girar. Palavras do Terceiro Espírito. VITRIOL.
- É a última profecia! Lembrava-se Henrique, e Marcos ouvia interrogativo e por isto perguntou sobre o que eles estavam falando, afinal. Eva e Henrique explicaram para Marcos sobre as profecias que encontraram no cofre de Apolônio, ditadas pelo Príncipe Vassago. Logo eles concluíam que Apolônio sabia que poderia morrer por conta do que ele buscava, e estava deixando pistas para que Eva pudesse continuar a busca.
- Teu pai deve ter imaginado que caso você não conseguisse abrir o cofre, em algum momento você viria visitar o templo de Ishitar e com este mapa que ele fez você poderia localizar este pergaminho com esta profecia, concluiu Henrique.
- Sim, mas... É estranho. Como ele poderia saber que eu passaria a buscar o pomo de ouro?
- Vai ver o Príncipe Vassago disse isto pra ele, deduzia Marcos, mas agora Henrique estava intrigado com outra coisa. Por que os textos deixados pelo velho Apolônio de Tiana davam tanta ênfase à palavra VITRIOL, e por que a última profecia terminava com a palavra VITRIOL? Diante deste questionamento, Marcos não pestanejou em dizer que ele estava sugerindo que para encontrar o pomo de ouro era preciso visitar o interior da terra.
- O que?! Perguntou Eva com espanto, mas Marcos explicava:
- VITRIOL é a palavra maçônica que diz em latim ‘Visita Interiorem Terrae, Rectificandoque, Invenies Occultum Lapidem’, que significa ‘Visita o interior da terra e retificando-te encontrarás a pedra oculta’.
- Sim, sei disto meu bom amigo. Mas ao que sei isto sempre foi uma referência à Pedra Filosofal da Alquimia, observava Henrique, e logo Eva chamava a atenção para as palavras do Príncipe Vassago:
- Ele diz que ‘a filosofia oculta, o conhecimento áureo, a pedra fundamental e o fruto proibido são uma e a mesma verdade essencial’. Você mesmo leu isso para mim no avião, Henrique!
- E você não estava dormindo?
Eva sorriu ruborizada, e Marcos logo tratou de concluir:
- Sim, isto parece um joguete de palavras. Pedra Fundamental, Pedra Filosofal, Pedra Oculta são tudo a mesma coisa, de fato, e em alguns livros maçônicos vemos que a Pedra Oculta é uma referência ao fruto proibido.
- Verdade, disse Henrique. Todos estes elementos garantem conhecimento e imortalidade, e todos eles estão relacionados com ouro – pois o ouro, além de ser um metal precioso, também simboliza o conhecimento, e como o Príncipe Vassago refere-se a este elemento como o pomo de ouro, ao que parece ele realmente está sugerindo para visitarmos o interior da terra para encontrá-lo!
Os olhos de Eva faiscaram ao ouvir isto, mas logo Marcos tratou de quebrar o entusiasmo de todos:
- Muito bem, mas por onde você vai começar a visitar o interior da terra? Por aqui? O que pretende? Escavar até chegar ao núcleo terrestre? Ah, meu bom Henrique, esta estória parece ser muito legal, muito bacana, mas... Eu preciso voltar ao meu trabalho. Vamos voltar para o acampamento.
- Não, Marcos. Você vai, meu amigo. Nós dois ficaremos aqui.
- Aqui?
Eva olhava para Henrique com curiosidade, e ele explicava que seria só até o anoitecer. Depois de confirmar se Eva e Henrique estavam certos que ficariam mais algum tempo no templo de Ishtar, Marcos despediu-se e depois de abraçar Henrique calorosamente tirou do bolso um saquinho que colocou na mão dele.
- Faz algum tempo que devo te entregar isto. Henrique abriu o saquinho e tirou de dentro dele um anel maçônico. É um presente de nosso mestre, Dr. Saulo de Tarso. Ele pediu que eu entregasse isto a você antes de partir.
- Partir? Para onde ele foi?
- Também eu gostaria de saber.
Henrique agradeceu mais uma vez ao amigo, que montou em seu camelo e foi embora, e ele continuava olhando para o anel quando Eva se aproximou a querer saber o que eles fariam ali naquela noite.
- Vamos perguntar onde é que devemos ir, respondeu Henrique.
- Perguntar a quem?
- Ao Príncipe Vassago.
by Augusto Branco at 9:51 am
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18.
O TERCEIRO ESPÍRITO
Depois de certificar-se que Marcos e os ratos do deserto estavam distantes, Henrique chamou Eva para a câmara principal do templo, onde voltou a colocar seu braço pela abertura da parede e com alguma dificuldade conseguiu retirar uma maleta que estava escondida ali dentro, deixando Eva bastante surpresa.
- Eu percebi que esta maleta estava aí na hora que olhei pela abertura na parede, mas fingi que eu só tinha encontrado o canudo com o pergaminho.
- Por que você não disse isto na hora? Não confia no Marcos?
- No Marcos eu confio. Eu não confio é nos ratos do deserto para quem ele trabalha. Se eu estiver correto, nesta maleta há vários objetos em ouro e prata que despertariam a cobiça dos ratos.
- Entendo... Mas esta mala era de meu pai?
- Certamente.
- E como sabe que tem objetos preciosos aí dentro?
- A primeira coisa que notei na lateral dela foi que ela está lacrada com o selo de Shlomo, o rei Salomão, como chamamos no Ocidente. Este selo indica que nesta mala há instrumentos para prática da Goetia, inclusive os selos para invocar os demônios, que são feitos em ouro e prata.
- Mas precisa de senha para abrir.
- Tentarei a mesma do cofre de teu pai.
- Se você conseguir abrir, você vai fazer um ritual satânico para invocar o Príncipe Vassago, é isto?
- Não é exatamente um ritual satânico. O magista da Goetia domina os demônios com o consentimento e a proteção de Deus.
- Não é perigoso?
- Sim. Muito perigoso. Mas ao que tudo indica, teu pai encontrou o pomo de ouro fazendo uso da Goetia, provavelmente pedindo pistas ao Príncipe Vassago, que sabe das coisas do futuro e daquilo que está escondido. Então pretendo usar a Goetia para encontrar o pomo de ouro novamente.
Eva olhava para Henrique com um misto de curiosidade e de receio, pois aquilo começava a ficar um pouco sinistro.
- Maravilha! Consegui abrir! Comemorava Henrique, e suas suspeitas estavam corretas: a maleta estava repleta de instrumentos para praticar a Goetia. Parece que o mestre Apolônio estava tentando ajudar a reencontrar o pomo de ouro, deixando pistas e instrumentos para auxiliar na busca.
- Acha que meu pai sabia que iria morrer?
Henrique olhou para Eva e notou seu ar cabisbaixo.
- Teu pai sabia que ele tinha uma filha muito especial, era isto que ele sabia, disse Henrique trazendo Eva para junto de si e abraçando ela carinhosamente.
- Obrigada, Henrique. Sabe... Estes têm sido dias tão cheios, tão complicados e tão... Incríveis... Eu nem sei como nos colocamos a fazer tudo isto, até chegarmos aqui. É tanta coisa... Meu pai morreu, depois tentaram me matar, incendiaram minha casa... Eu e você passamos a correr pelo mundo em busca de algo que... Nem sei o que dizer. Só tenho a dizer-te muito obrigada por estar aqui comigo, e por acreditar na busca de meu pai.
- Não há o que agradecer, Eva. Esta busca também é minha. E é tão importante para mim quanto é para você. Aliás, é importante para a humanidade, não? Se não devolvermos o pomo de ouro, adeus civilização, não é?
Eva riu disto.
- É, vamos tentar salvar o mundo.
E os dois riam disto outra vez.
- Parece loucura, não é?
- Sim, parece, confirmava Henrique. Mas não creio que teu pai sacrificaria a vida dele à toa.
- Verdade, esta busca era muito importante para ele, mas... Por que é importante pra você também? Esta fazendo isto em nome da amizade que você tinha com meu pai? Ou porque acredita mesmo que se não fizermos isto não haverá mais futuro para a humanidade?
- Também é por estes dois motivos, Eva.
- Também? E qual o outro motivo?
- Digamos que... Digamos que eu esteja em busca da Verdade.
- Hum... Falou parecido com meu pai, agora.
- É... Mas agora vamos ao que interessa. Temos coisas importantes a fazer por aqui.
- Sim. Um ritual satânico!
- Não é um ritual satânico, Eva.
- Ok, ok... Em que posso ajudar?
- Basicamente... Mantendo-se longe, quieta e em segurança enquanto eu invoco o Príncipe Vassago.
- Como?! Depois diz que não é machista...
- Não se trata de machismo, Eva. Ocorre que isto é mesmo perigoso até para mim, que sou um mestre maçom versado na Goetia. Qualquer erro ou distração pode fazer com o que o demônio invocado cause verdadeiros desastres ou incorpore em quem estiver por perto, o que pode inclusive matar a pessoa.
- Hum... Tudo bem, disse Eva visivelmente chateada.
- Olha, você pode me ajudar a montar o ritual e eu vou te explicando para que serve cada instrumento, pode ser?
- É? E se um demônio entrar em meu corpo e eu precisar ser exorcizada? Você vai fazer um exorcismo em mim? Perguntava Eva em tom levemente debochado, mas Henrique não se importou com o ar brincalhão de Eva e se limitou a dizer que nenhum demônio iria aparecer enquanto eles estivessem preparando o ritual.
Henrique explicava que o aparato para praticar a Goetia era importante, mas não era indispensável, pois o importante era que o magista tivesse em sua mente todos os elementos do ambiente, pois os trabalhos do mago se davam em esferas mais sutis, e não apenas na esfera física. Tinha ali um círculo, que seria a zona de segurança do mago, chamado Lemegeton, a representação do universo do magista, e que é rodeado por quatro pentagramas contendo o Tetragramaton – que é a representação do inefável nome de Deus. Em cada pentagrama deve ser acesa uma vela, e enquanto estiver dentro do Lemegeton, o Mago tem uma proteção maior contra a influência do demônio evocado.
O triângulo posto em frente ao círculo era o lugar onde o espírito deveria se manifestar, e também o seu limite. Se um demônio se atrever a sair do limite do triângulo, o mago deve ser rápido e firme em reprimi-lo, pois certamente ele não tem boas intenções.
A baqueta é instrumento da vontade do mago, pois com a baqueta o mago pode direcionar sua vontade para determinado lugar, objeto ou entidade. No caso do demônio, a baqueta é como se fosse uma arma apontada para ele lembrando que ele deve obedecer, sob pena de ser agredido.
O Hexagrama e o Pentagrama são usados para proteção do corpo do mago, se não usá-los o mago fica vulnerável a ser incorporado pelo demônio que consumirá suas energias até a morte e para conjurá-lo, exorcizá-lo, caso algo dê errado, há um disco de ouro, que é o Disco de Shlomo, o qual causa imensa dor nas entidades demoníacas, às expulsando.
- Por fim, há o selo do demônio, que são estes círculos feitos em ouro e prata. Cada círculo tem o nome e o brasão do demônio a ser evocado e é uma representação física da essência do demônio, e quando você tortura o selo, o demônio sofre imensamente.
- Então a Goetia é uma espécie de Vodu?
- Podemos dizer que a tortura do selo usa o mesmo princípio do Vodu. Mas o Vodu é direcionado a seres humanos, e a Goetia é direcionada a demônios. Além disto, o Vodu causa sofrimento puro e simples. A Goetia ameaça torturar o demônio caso ele não realize os pedidos que você fará para ele.
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