Porque tenho medo da paz mundial
Eguinaldo
Hélio Souza
Medo, não. Tenho pavor. Se a paz
mundial fosse natural ela já teria acontecido. A guerra, local e global é uma
constante histórica e se nem sempre se traduz em conflito bélico se perpetua
por outros meios. Sua raiz não está nos tipos de governo que são estabelecidos.
Estão no próprio ser humano, que não pode conviver com Deus, consigo mesmo e
com seu próximo. As guerras começam no âmago do homem decaído e se expandem
entre os povos e as nações. Donde vêm as guerras e pelejas entre vós?
Porventura, não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros
guerreiam? (Tiago 4.1).
Há conferências de paz, há
discursos pela paz, há organizações trabalhando por essa “paz”. Só não há paz
de fato, nunca houve. E quando houve paz, ela não nasceu de entendimentos
harmônicos entre os grupos conflitantes. Muito pelo contrário. Ela nasceu da
imposição de grupos mais fortes sobre os grupos mais fracos.
O que foi a Pax Romana? Não foi o
fruto da transformação do coração humano. Foi uma unidade criada através de
domínio e da imposição. Os povos ao redor do Mediterrâneo pararam de lutar
entre si, não porque de fato queriam paz, mas porque um Império Universal, como
lhe chamou Arnold Toynbee, impôs essa paz. Em diferentes espaços geográficos e
em diferentes tempos históricos, esses Impérios Universais de Toynbee tiveram
lugar. Unidades de povos foram criadas pela força, não pela consciência.
Ninguém ousava contestar o poder central porque isso significava destruição.
O que seria a Pax Mundial, senão
uma unidade nascida da imposição tirânica de um Governo Mundial, forçada sobre
o mundo inteiro e pronta para aniquilar qualquer um que se oponha a ele? Ou
alguém acredita que em algum momento os cabeças das nações simplesmente
concordarão em tudo e se unirão pelos laços de fraternidade e amor? Utopia.
Essa unidade mundial pode até nascer de consensos, mas só pode se perpetuar
pela força, e força brutal e impiedosa.
Ficção? Não, a Pax Mundial nesses
termos é um discurso silencioso que tem fluído da mente de pensadores
eminentes, que conhecem a história e conhecem o mundo em que vivem. E que não
conhecem Deus, portanto, não esperam Dele a paz, mas acreditam que sistemas
políticos e estruturas humanas podem produzir tal mundo pacífico através desse
governo mundial.
A sociedade do futuro, foi um livro
de Arnold Toynbee, filósofo e historiador, escrito há mais de quarenta anos, em
1971. Algumas ideias nele expostas são ideias compartilhadas por muitos
pensadores. Alguns trechos dessa obra demonstram que o conceito da Pax Mundial está
bem arraigado nessas mentes:
Os
governantes de cada Estado soberano terão de renunciar a sua soberania local para
se submeterem a uma soberania superior de um governo
literalmente mundial. [grifo meu]
Entretanto,
creio numa possibilidade real de que no próximo capítulo da
história mundial tenhamos de nos submetera um governo autoritário
[tirânico?] se quisermos continuar a viver.
E talvez o texto mais sinistro de
todos:
Imagino
o mundo integrado e em paz no ano 2.000 através de uma ditadura que não
hesitaria em matar ou torturar aqueles que, no seu entender, constituíssem uma
ameaça à aceitação passiva de sua autoridade absoluta. Podemos prever o
provável caráter de uma futura ditadura mundial a partir dos atuais
regimes existentes na Grécia, África do Sul, Rodésia e União
Soviética e dos anteriores regimes fascista e nazista da Itália e Alemanha.
Sim, a Pax Mundial, proclamada e
invocada nada tem haver com a paz real. Essa unidade universal será construída
sobre a tirania impiedosa. Escapamos dela no ano 2.000, mas não sabemos ainda
quanto tempo conseguiremos escapar. Apocalipse 13 nada mais é do que história
antecipada, escrita pelo Espírito de Deus que perscruta todas as coisas (1 Co
2.10) – passado, presente, futuro, Deus, homem.
Há detalhes e pontos importantes
que o espaço aqui não nos permite tratar. Entretanto, qualquer que pense em uma
unidade a qualquer preço e qualquer que use o nome de Deus para proclamá-la,
está esquecendo a lição da Torre de Babel. Nem toda unidade é de Deus. E existe
sim, unidade contra Deus. Os governantes conspiram unidos contra o Senhor e
contra o seu Ungido (Sl 2.2)
Só posso terminar com as palavras
sempre apropriadas de A. W. Tozer:
“Divida
e conquiste” é o refrão cínico dos líderes políticos maquiavélicos, mas
Satanás sabe também como unir e conquistar. A fim de colocar uma nação de
joelhos o ditador em potencial precisa primeiro uni-la. Através de apelos
repetidos ao orgulho nacional ou à necessidade de vingar-se de alguma injustiça
passada ou presente, o demagogo consegue unir a população à sua volta. Depois
disso é fácil dominar os militares e submeter o legislativo. Segue-se então, na
verdade, uma unidade quase perfeita, mas trata-se da unidade do curral ou do
campo de concentração. Vimos isto acontecer várias vezes neste século [XX], e o
mundo irá vê-la uma vez mais quando as nações da terra se unirem sob o
Anticristo. (Do texto As divisões nem sempre são más, O melhor de A. W. Tozer)
Deus nos livre dessa Pax Mundial.
Fonte:
GospelPrime
Divulgação:
www.juliosevero.com
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