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domingo, 3 de julho de 2011

DISCIPULOS OU FUNCIONARIOS


Discípulos ou Prosélitos: O Que As Igrejas Tem Se Dedicado A Fazer ?


Há cristãos que são partidários aguerridos, que defendem com unhas e dentes aquilo que acreditam ou aquele grupo do qual fazem parte. Esse tipo de seguidor é aquele buscado pelos fariseus mencionado por Jesus em Mateus 23:15:

Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas, porque percorrem terra e mar para fazer um convertido e, quando conseguem, vocês o tornam duas vezes mais filho do inferno do que vocês

A versão J.F. Almeida Revista e Atualizada usa o termo prosélito, em vez de convertido. Prosélito vem do grego proselutos e significa “aquele que chegou, estranho” (Dicionário Vine). Em contraste, encontramos outro termo no Novo Testamento: discípulo. Este termo ocorre ocorre 257 vezes no Novo Testamento. Segundo o Easton’s Bible Dictionary, um discípulo de Cristo é alguém que (tradução nossa):

Acredita nos ensinos de Cristo, crê em seu sacrifício, recebe seu espírito e imita seu exemplo.

Proselitismo versus discipulado

A diferença nítida entre um prosélito e um discípulo, a meu ver, é sua disposição em aprender. Um prosélito (a partir da acepção de Mateus 23:15) tem fé cega. Segue alguém sem questionamento e seu mestre gosta disso. É um indivíduo que crê somente, tem pouca disposição em questionar. Vê em qualquer atitude de questionamento e dúvida uma atitude de rebeldia. Partidos políticos gostam de prosélitos (vulgo militantes). Verdadeiros mestres não.
Verdadeiros mestres gostam de discípulos. Discípulos são aqueles que têm sede de conhecer. Questionar não é visto como rebeldia, mas como a busca sincera de um coração que quer a verdade. Discípulos são alunos, amam aprender e vivem buscando formas de praticar a justiça.
Jesus nos mandou buscar discípulos (Mateus 28:19).

Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo

Jesus não nos enviou a conquistar prosélitos. Jesus não quer em sua igreja “vaquinhas de presépio” ou “papagaios de pirata”. Ele deseja que aqueles que O seguem sejam alunos e professores ao mesmo tempo. Jesus quer ver seus filhos como leitores atentos de Sua Palavra e não seguidores cegos de lideranças religiosas que só sabem manipular suas mentes e seus corações. O Senhor deseja homens que pratiquem a justiça, amem a fidelidade e andem com Ele em humildade (c.f. Miquéias 6:8).

O exemplo dos bereanos

Um exemplo muito claro de discipulado real foi aquele encontrado na cidade de Beréia. Ora, os bereanos não eram melhores que quaisquer outros povos que receberam o evangelho. Contudo, ao entrarem em contato com os mensageiros de Cristo, não acreditaram prontamente neles. Antes duvidaram e isso não foi visto como rebeldia, mas como a busca sincera pela verdade.

A disposição de buscar informações para validar o que ouviam foi tamanha que foram dignos de um elogio registrado na Escritura (Atos 17:11). Eles foram mais nobres do que os tessalonicenses, pois receberam a mensagem com grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo.

Quando vejo, em algumas igrejas, pessoas muito mais dispostas a seguir um líder ou um ensinamento apregoado e não verificar se as coisas são de fato como se afirma ser, entristeço. Não acredito que uma vida cristã consistente pode ser conseguida a partir da acomodação. Como podemos defender algo de maneira equilibrada e serena se pouco se analisou aquilo que dizemos acreditar? Frases como “Meu pastor disse isso, então acredito” ou “Minha igreja pensa assim, logo deve ser verdade, pois tantas pessoas não podem estar enganadas...” me entristecem.

Não era isso que Jesus queria. Ele não quer meros seguidores desprovidos de senso crítico.

Não me parece Sua vontade ter seguidores prontos a aceitar sem questionar o que lhes é pregado (imposto?). Não se acanhe diante de um “falso líder” ou “falso profeta” interessado única e exclusivamente em arrebanhar mais ovelhas para sua congregação (e aumentar suas ofertas). Estude, leia, pesquise, conheça. Adote o “ceticismo de Beréia”.

Não queremos dizer que você deve duvidar de tudo, mas enfatizar que um discípulo de Cristo toma uma posição esclarecida com relação à igreja e em relação à Palavra de Deus.

Por Bruno Saavedra

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