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COM A PALAVRA IRMÃO RUBENS


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

GOSPEL UM MUNDO DE FARSAS

Os filhos de Belial


Outro dia eu estava meditando sobre a situação de muitas “igrejas” Brasil afora, ao constatar como mudaram em alguns anos. Até escrevi alguma coisa, exprimindo minha opinião e explicação para o fenômeno, numa tese compartilhada por alguns outros irmãos, tese essa que chamo de “feudalismo evangélico”, com todas as conotações que o termo pode trazer.
Agora gostaria de ir um pouco adiante.
Chamam atenção, atualmente, certos impérios evangélicos – aqui denominados “igrejas” apenas para fins didáticos, posto que nada têm de Igreja. São empresas altamente lucrativas, porque têm clientela cativa, cuja cabeça é bem feita semana após semana, campanha após campanha. Clientela que defende com unhas e dentes seus imperadores – e os herdeiros do império. Torcidas organizadas, que não brigam com porretes, mas se digladiam nas redes sociais e espaços de comentários nos sites de notícias. Para comprovar, experimente soltar no Youtube ou no Facebook (me disseram que o Orkut está fora de moda) uma opinião negativa sobre algum “levita”, especialmente se tiver sobrenome de pastor famoso. Você será declarado anátema imediatamente.
Pois bem, as palhaçadas sucessivas não me deixam ficar quieto.
Vejo “igrejas” promovendo cruzeiros em alto mar “para ungir as praias”; entre uma ungição outra, “atrações variadas” e “brincadeiras” a bordo.
Vejo herdeiras de impérios evangélicos “ministrando” na TV, com o mesmo gestual e entonação vocal de seus progenitores, copiando a fórmula de sucesso.
Recebo noticias de que filhos de “apóstolos” tocam no louvor num dia e no outro participam de rachas em seus carrões, com garrafas de vodka escondidas no porta-luvas. Tudo – carro e manguaça – comprado com dinheiro de “dízimos”, “ofertas alçadas”, “primícias” e outros termos da Velha Dispensação, como se fôssemos judeus.
Leio nas páginas policiais que jovens pastores, entronizados no feudo de papai e de vovô só por causa do sobrenome, estão envolvidos em casos de prisões por estelionato, divórcios e suspeitas de homossexualismo - e ainda assim continuam no cargo de pastor da igreja de vovô famoso.  
Outro, filho de “apóstolo”, até perdeu o mandato legislativo por se envolver em corrupção braba, mesmo com oração agradecendo a Deus a bolada recebida. 
E ainda recebeu apoio de falsos profetas, que profetizaram declararando-o “futuro senador”!
Cansei de saber de grupos “de louvor e adoração”, de fama nacional (como se isso fosse finalidade do louvor e da adoração, “fazer sucesso”), cujos integrantes saem depois de seus shows e vão para boates, baladas e motéis, “para descontrair”.
Também vi “levitas” filhos de “sacerdotes”, que vendem CDs “de adoração” em todo o Brasil trazerem contrabando do exterior, instrumentos musicais sem nota fiscal, escondidos no carro para não declarar à Receita Federal. 
Vejo filhos de pastores engravidando moças “da igreja” e depois, na surdina, oferecerem dinheiro para o aborto, com a conivência de papai-pastor-presidente “da igreja”, para não queimar o filme da "igreja".
Vejo cantoras gospel que nunca trabalharam na vida, e mesmo assim ficaram milionárias, fazendo apresentação em programas mundanos na TV, tendo como pano de fundo dançarinas com pouquíssimo pano para se cobrir. As mesmas cantoras cumprindo rituais supersticiosos, usando dourado no “reveillon”, devidamente acompanhadas de bailarinos de branco, exatamente como se faz na umbanda
Vejo cantores com pinta de pop-star fazendo estripulias cada vez mais pirotécnicas, que incluem, além dos já tristemente habituais shows de luzes e efeitos de laser dentro dos templos, até mesmo descer no palco fazendo rapel
Já outras se aproveitam da fama do sogrão famoso para lançarem CDs de músicas toscas, vazias como a pregação do sogrão famoso, para serem vendidos como se jóias fossem, nos programas televisivos do sogrão famoso.
O pior é que há quem sustente tal mercado!
Então me lembro da historia de Eli, juiz e sacerdote de Israel. A Bíblia conta sobre ele nos capítulos iniciais de I Samuel; na verdade, esse trecho da Escritura nos mostra o fim do seu ministério. Já ali Eli é um ancião, e o relato bíblico nos diz que “seus olhos começavam a escurecer” (cap. 3:2). Somos informados que nessa época, como ainda não existia o templo de Jerusalém, o Senhor era cultuado no Tabernáculo instalado em Siló (nome que significa “paz”; cap. 1:3).
Diz também que dois filhos de Eli, Hofni e Fineias, eram também sacerdotes, porém eram maus. Cometiam barbaridades que escandalizavam a todos: roubavam a oferta, tirando mais do que deviam receber; inclusive, tomavam à força o que não lhes pertencia (cap. 2:13-17); eram mulherengos, viviam na gandaia e nem ao menos disfarçavam (cap. 2:22). Não se sabe que outras coisas faziam, mas o resumo sobre esses dois sujeitos é breve: “Eram, porém, os filhos de Eli filhos de Belial; não conheciam ao SENHOR” (cap. 2:12). Traduzindo: não eram “crentes”, pois não eram “filhos de Deus”. Seu pai espiritual era outro, um tal de Belial. O velho sacerdote chegou a repreendê-los, mas talvez não tenha sido suficientemente duro com eles (2:22-25).
Aparentemente, Hofni e Fineias não ligaram para a repreensão paterna e continuaram sua vida de bem-bom por um tempão. Segundo pesquisei, Samuel teria nascido por volta de 1115 a.C., e bem pequeno já vivia com Eli, desde que sua mãe cumprira o voto de o consagrar ao Senhor. A Bíblia diz no cap. 4:15-18 de I Samuel que Eli morreu com 98 anos (isso foi em 1094 a.C., com a tomada da Arca pelos filisteus), tendo sido juiz em Israel por 40 anos. Presumindo que Samuel se tornou juiz por essa ocasião, tendo entrado na casa dos 20, 20 e poucos anos, e que era ainda muito novinho quando advertiu Eli, da parte do Senhor, podemos crer que Hofni e Fineias extrapolaram por muitos anos, desde o nascimento de Samuel - senão antes - até morrerem, no mesmo dia que seu pai. Uns vinte anos ou mais de bagunça, e isso é muita aprontação.
Uma coisa que eu posso inferir é que os dois irmãos foram criados no ambiente do Tabernáculo. Com certeza viram Eli ministrar diante do Senhor, conduzir os rituais  estabelecidos na Lei; talvez o tivessem visto falar ao povo e até abençoar e dar conselhos, como ele fizera com Ana, mãe de Samuel (cap. 1:17 e 2:20). Hofni e Fineias aprenderam, por assim dizer, “os ossos do ofício”; sabiam como era a profissão de sacerdote, se é que podemos usar tal expressão. Mas tenho para mim que esse oficio, para eles, era só um meio de vida. Não tinham convicção do que é ser intermediário entre Deus e o povo, um profeta, que deveria ser puro, de acordo com as prescrições da Lei. Eram profissionais da fé; herdaram o negócio do pai. Samuel não – ainda muito jovem teve a consciência da seriedade de ter sido separado para o serviço do Senhor, e levou a sério a sua posição de profeta e sacerdote.
Eu disse que Hofni e Fineias herdaram o negócio do pai. Mas Bíblia diz que eram filhos de Belial. Afinal quem é Belial?
Fui pesquisar e descobri que Belial é, como desconfiava, nome de demônio. John Milton (1608-1674), o grande poeta inglês, o descreve em sua obra prima “Paraíso Perdido” como um dos generais de Satã. Seus argumentos inteligentes aconselharam Satanás no seu plano para corromper a Humanidade, e depois ele é citado ao zombar do exército de Deus. Diz Milton:
Espírito nenhum mais torpe que ele
Dos altos Céus caiu no fundo do Orco,
Nem mais grosseiro para amar o vício
Só por ser vício. Em honra desse monstro
Não se erguem templos, nem altares fumam;
Porém, com refinada hipocrisia,
É quem templos e altares mais freqüenta

Chegando a ser ateus os sacerdotes... (grifo meu)
... E nas cidades onde os vícios moram.
Onde a devassidão, a infâmia, o ultraje,
Sobem por cima das mais altas torres.
Ali, assim que tolda a noite as ruas,
Os filhos de Belial nelas divagam
Pela insolência e pelo vinho insanos:
Testemunhas as ruas de Sodoma
E a noite em Gabaá quando a virtude,
Por amparar os hóspedes, decide
Dar às torpezas a infeliz matrona,
Para evitar mais feios atentados!”...

Segundo alguns estudiosos, “Belial” é um termo cuja origem vem das palavras “b’li” (que significa “não”) e “ya’al” (que seria “sem”), ou seja, “sem nada”, “inútil”, “sem valor”, usado como sinônimo de Satã ou demônio. Descobri que esse nome é encontrado 27 vezes na Bíblia, com o sentido de “mulher vadia” (I Samuel 1:16), “vil” (15:9), “vagabundo”, “desonesto” (2:12), “grosseiro” (25:25), “impiedade” (II Samuel 22:5), “depravado” (Provérbios 6:12) e inúmeros outros adjetivos negativos. Interessante notar que Hofni e Fineias, com seu comportamento predatório, incitavam o povo, pelo péssimo exemplo, a desprezar a Lei de Deus (cf. Deut. 13:14) e sua sexualidade desenfreada lembrava Juízes 19:22 e 20:13. Veja como o comportamento reflete a definição da palavra.
Até mesmo a morte deles (I Samuel 4) parece ter ocorrido de acordo com Provérbios 6:12-15: “O homem mau, o homem iníquo tem a boca pervertida. Acena com os olhos, fala com os pés e faz sinais com os dedos. Há no seu coração perversidade, todo o tempo maquina mal; anda semeando contendas. Por isso a sua destruição virá repentinamente; subitamente será quebrantado, sem que haja cura”. Podemos atribuir a Hofni e Fineias essas más características, com base no breve relato de I Samuel.
Sempre que alguém na Bíblia é associado a “Belial”, é visto como sendo ou fazendo algo contrário à vontade de Deus. Os israelitas usavam o termo “Belial” para designar desviados, incircuncisos, pagãos. Alguns manuscritos “do Mar Morto” o associam às trevas e a tudo que se opõe a Deus. Resumindo, o Diabo. Portanto, Hofni e Fineias eram filhos do Diabo, e da mesma forma que os fariseus do tempo de Jesus, conheciam a Lei, mas não a praticavam. Conheciam a Deus apenas de ouvir, mas nunca O haviam experimentado de verdade.
Evidentemente, demônios são seres espirituais e como tal não produzem descendência (embora alguns achem que sim, com base em Genesis 6 – o que eu acho um disparate, mas isso é outro assunto). Assim, “filhos de Belial” não quer dizer que foram gerados pela pessoa de Belial. No uso semítico “filiação” é uma concepção usada para denotar relacionamento moral ou metafísico, não só físico.  “Filhos de Belial” (Juízes 19:22, etc.) significa então “homens maus”, e não “descendentes” de Belial. Esse era o caráter de Hofni e Fineias.
Não vou me estender mais, porque você é inteligente e pode fazer as inferências por si. Também não quero dizer que todo filho de pastor é pilantra, absolutamente! Conheço muitos que são tão abençoados como seus pais; piedosos e consagrados a ponto de ser exemplo para os fiéis. O alerta é por causa dos maus, que parecem se multiplicar. A lição é: ser filho de sacerdote, como Hofni e Fineias, não é garantia de salvação. Deus não tem netos! Por isso deixo algumas perguntas, para você refletir.
Será que alguns “líderes evangélicos” modernos, que se arvoram “sacerdotes”, “apóstolos”, “bispos” e outros títulos nobiliárquicos, não estão agindo como Eli, deixando o barco correr solto, de acordo com o que querem seus filhos?
Será que, diante das barbaridades que seus “herdeiros” têm feito, esses “líderes” não estão sendo brandos demais nas suas repreensões – se é que há algum tipo de repreensão? Será que, como Eli, em I Samuel 3:2, estão ficando com a visão turva e já não enxergam bem? Não estariam honrando mais a seus filhos do que a Deus? (cap. 2:29)
Os herdeiros, como Hofni e Fineias, não estarão exagerando nas suas performances e inovações? Na sua perigosa aproximação com os costumes e métodos dos amalequitas, moabitas e amonitas?
Estariam tais herdeiros contribuindo para que milhares nunca venham a conhecer ao Senhor, mas apenas se divirtam em seus shows?
Não seriam esses “artistas”, filhinhos de pastor, verdadeiras pedras de tropeço?
Não estamos criando motivos para que a glória de Deus se retire para sempre, de forma rápida e inapelável, do meio do Seu povo?
Não estaria essa nova geração de “líderes hereditários” trilhando os caminhos de Hofni e Fineias, se arriscando a sofrer um juízo terrível?
Será que, ao contrário do que se canta por aí – que estamos vivendo os “dias de Elias” – não estamos vivendo de fato “os dias de Eli”?

“...a palavra do Senhor era muito rara naqueles dias...” (I Samuel 3:1).

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