Deu no New York Times: Silas Malafaia é uma vergonha nacional.
Neste último sábado (26/11/11), o New York Times, o mais respeitado e conhecido veículo de imprensa do mundo apresentou em seu famosíssimo THE SATURDAY PROFILE, uma seção que já traçou o perfil das personalidades mais proeminentes do mundo e onde poucos brasileiros tiveram a honra de figurar (alguns megaempresários, artistas e personalidades globais como Pelé e Paulo Coelho e alguns dos últimos presidentes da república, nem todos, alguns ficaram de fora.), uma celebridade improvável, o Sr. Silas Malafaia.
Infelizmente para a imagem dos brasileiros, o perfil traçado foi profundamente negativo e colocou o Sr. Malafaia como líder do que os estadunidenses entendem ser uma “guerra cultural” no país, antagonizada pelos evangélicos pentecostais.
É lamentável não somente pelo estereótipo de “guerra”, algo que não deveria combinar com a atuação dos cidadãos do Reino de Deus no mundo, mesmo quando confrontados com cenários de declínio moral, pois já sabemos que apenas o Evangelho é capaz de mudar um quadro de decadência humana em favor da abundante da Graça, assim como é igualmente deprimente constatar que uma pessoa como Silas Malafaia é percebido e tratado pela mídia global como um líder proeminente dos cristãos brasileiros, sendo este alguém que não somente não tem a envergadura ética e moral de um líder cristão, como de fato, é ideólogo de uma doutrina absolutamente aviltante ao Evangelho.
Na verdade, a percepção de liderança do Sr. Malafaia é superestimada, forjada pela sua superexposição na mídia, construída sobre polêmicas, golpes e a atitude de um verdadeiro troglodita. Esta é uma liderança que todo cristão verdadeiro deveria refutar. Somos envergonhados como cristãos e brasileiros ao ver estampado em tão prestigiado jornal o retrato de um líder espiritual em nada semelhante ao que se deveria ser um imitador de Cristo.
Quando foi que a igreja protestante brasileira perdeu, de tal forma, as suas referencias que permite a personalidades de moral suspeita, como o boquirroto Silas Malafaia e outros igualmente envolvidos nos mais variados escândalos financeiros e criminais, venham representar e liderar o povo santo de Deus?
Na reportagem do New York Times estão expostas ao mundo todas as recentes esculhambações de Malafaia, incluindo a polêmica do "fornicar o funico" e outras presepadas. Malafaia teve ainda o desplante de, durante a entrevista, chamar uma jornalista de vagabunda. Eliane Brum, por conta desta reportagem AQUI.
Fico a imaginar o estrago deste testemunho global dado pelo “evangelho” pregado majoritariamente no Brasil, bem como, acerca de nossos “pastores famosos” envolvidos em escândalos, crimes e golpes e, cujo caráter nada santo, os coloca em evidencia mundial, não porque fizeram a diferença positiva na sociedade, ou levaram o Evangelho aos povos, mas por sua intolerância religiosa, exploração criminal da fé alheia e incontinência verbal.
Resumo da ópera: A melecada do meio evangélico nacional está no New York Times. A seguir, oferecemos a tradução de maior parte da entrevista, que pode ser lida na íntegra, em inglês, no NYT.
SIMON ROMERO
FORTALEZA, BRASIL
Líder evangélico emerge em meio a guerra cultural no Brasil
Mauricio Lima for The New York Times |
Os Livros SILAS MALAFAIA, que vendem aos milhões no Brasil, têm títulos tais como "Como derrotar as estratégias de Satanás" e "Lições de um Vencedor". O seu jato privadoGulfstream trás em sua fuselagem a inscrição em inglês “God´s Favor” ou "Favor de Deus.
Como tele evangelista de televisão, o Sr. Malafaia atinge espectadores em dezenas de países, incluindo Estados Unidos, onde a Daystar e Trinity Broadcasting Network transmitem seus sermões. Por mais de 30 anos, o Sr. Malafaia, 53, vem reunido em torno de sua pregação pentecostal igrejas prosperas e os mais diversos empreendimentos.
Apesar disto, Sr. Malafaia, jamais teria atraído qualquer atenção para além de seus próprios seguidores e fieis de sua igreja se ele não tivesse se colocado em tanta proeminência no que podemos chamar de versão brasileira de guerra cultural. Afinal, o Brasil tem outros líderes evangélicos que comandam grandes impérios, como Edir Macedo, cuja Igreja Universal do Reino de Deus controla a Rede Record, uma das maiores redes de televisão do Brasil. Outros, como Romildo Ribeiro Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus, são conhecidos por maior zelo missionário.
Mas é o Sr. Malafaia que recentemente atraiu a maior atenção, quando apontou seus ataques verbais contra uma ampla gama de inimigos, incluindo os líderes do movimento gay do Brasil, os defensores do direito ao aborto e apoiantes da descriminalização da maconha.
"Eu sou o inimigo público n º 1 do movimento gay no Brasil," disse Malafaia em uma entrevista este mês em Fortaleza, uma cidade no nordeste do Brasil, onde ele levou uma de suas "cruzadas", um evento misturando pregações e música para cerca de 200.000 pessoas, onde lágrimas correm dos rostos de alguns dos participantes mais apaixonados, enquanto outros dançam ao som das performances de abertura do evento.
Antes de subir ao púlpito, o Sr. Malafaia nos contou como se tornou um cobiçado convidado de programas de TV, atuando como antagonista em debates com a liderança gay. Mas isso é apenas uma pequena parte de seu repertório. Televisão é apenas um dos muitos meios à disposição do Sr. Malafaia. No Twitter, ele tem quase um quarto de milhão de seguidores e em vídeos distribuídos no YouTube, ele não só ataca seus liberais, mas também jornalistas e líderes evangélicos rivais.
Não surpreendentemente, sua proeminência crescente fez dele fonte de admiração e inquietação. Ele mobilizou este ano milhares de pessoas em uma passeata na capital do país, Brasília, contra um projeto de lei que visando ampliar legislação anti-discriminação para incluir a orientação sexual.
"Ele é como Pat Robertson, no sentido de ser um pioneiro na movimentação da direita evangélica brasileira para a esfera política nacional", disse Andrew Chesnut, especialista em religiões latino-americano da Virginia Commonwealth University, comparando o Sr. Malafaia para o evangelista de televisão favorito dos conservadores americanos.
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Em um ensaio em novembro, a jornalista Eliane Brum escreveu sobre a crescente intolerância de parte dos evangélicos para com ateus e ainda sobre o que ela chamou de "uma disputa cada vez mais agressiva por participação de mercado" entre as grandes grandes igrejas brasileiras.O ensaio de Brum desencadeou uma onda de reações entre os pentecostais e as palavras do Sr. Malafaia estavam entre as mais cáusticas.
Durante esta entrevista , o Sr. Malafaia chamou a Sra. Brum de "vagabunda", e repetiu diversas vezes a sua afirmação de que "os ateus comunistas" da antiga União Soviética, Camboja e Vietnã foram responsáveis por mais mortes do que "as guerras de origem religiosa."
Por caricatura ou padrão, a linguagem agressiva do Sr. Malafaia tem, frequentemente, se tornado um espetáculo para a mídia. Em novembro, a Revista Época informou que o Sr. Malafaia, durante comentários em uma tensa entrevista concedida ao noticioso, tratando da tomada de medidas legais contra Toni Reis, um proeminente, um defensor dos direitos gays, Malafaia disse que iria "fornicar" Sr. Reis. Sr. Malafaia soltou uma explicação dado conta que ele tinha, de fato, dito que iria "funicar" Sr. Reis. Contudo, quando os pesquisadores informaram que não tinham sido capazes de encontrar a palavra dita por Sr. Malafaia em nenhum dos dicionários de referência da língua, Malafaia informou ser esta é uma gíria significando algo como "trucidar".
A visibilidade do Mr. Malafaia obtida em tais episódios tem alimentado dúvidas sobre suas ambições políticas. Ele disse não ter vontade de se candidatar a nada, pois isto poderia torná-lo em dívida com um partido político específico, limitando assim a visibilidade que ele tem agora.
"Deus me chamou para ser um pastor", disse ele, "e não vou trocar isto para ser um político."
Mas influência política é outra questão. Sr. Malafaia disse que votou duas vezes para o ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e durante anos teve acesso aos corredores do poder de Brasília. Mas ele também contou uma anedota sobre a sucessora de Lula, a Presidente Dilma Rousseff, que sugere quão importantes as figuras evangélicas estão se tornando no cenário eleitoral. Ele disse que ela falou com ele por telefone durante 15 minutos durante a campanha presidencial do ano passado, tentando atrair o seu apoio. Mas ele disse que recusou por causa de diferenças ideológicas com o Partido dos Trabalhadores do governo do Sr. da Silva, um ex-líder trabalhista, e Sra. Rousseff, uma ex-participante em um grupo guerrilheiro. Eu disse a ela: 'Eu não tenho nada pessoal contra você. Eu acho que você é uma mulher inteligente e qualificada ", disse ele. "Mas como posso votar em você se eu passei quatro anos lutando com um grupo de seu partido que quer apoiar um projeto de lei que beneficia gays e me prejudica?“
O Sr. Malafaia contava estas estórias agitado, em um português cada vez mais carregado de sotaque carioca, enquanto cortava o ar com seus dedos adornados com anéis de ouro e diamantes incrustados.
Sua persona ganhou quase o status de estrela do rock entre alguns apoiantes. "Eu não o reconheci sem bigode", disse Erineide Mendonça, 39, uma empregado do hotel de Fortaleza onde o Sr. Malafaia estava hospedado, referindo-se ao cabelo facial, uma marca registrada que Malafaia manteve por longos anos. "Mas eu reconheci a voz dele", disse ela, pedindo para ser fotografada com o evangelista que ela adora.
Tanto o Sr. Malafaia como a sua esposa, Elizete, são formados em psicologia, e quando ele sobe ao púlpito, sua voz ecoa nos sermões carregados de lições de auto-ajuda e perseverança.
Seu tema favorito envolve o sucesso e como alcançá-lo. Enquanto ele próprio diz viver em relativa humildade, não como um milionário.
Malafaia não se desculpa por sua própria ascensão material. Na verdade, ele a celebra, divulgando, por exemplo, o seu Mercedes-Benz – uma doação de um amigo próspero, explica. Há também o exclusivíssimo jato particular Gulfstream, adquiridos de segunda mão nos Estados Unidos, disse Malafaia, não por ele, mas por sua organização religiosa sem fins lucrativos, a um preço razoável.
"O papa voa em um jato jumbo", disse referindo-se ao avião fretado à Alitalia que transporta o bispo de Roma. E denuncia o que parece ser um comportamento de duplo padrão de julgamento: "Mas, se um pastor viaja em um avião à jato particular com algum uso, ele é considerado um ladrão."
http://www.genizahvirtual.com/2011/11/deu-no-new-york-times-silas-m...
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